A Under Armour investe no amador

Paulo Vieira

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BRUNO VICARI, o âncora da ESPN Brasil que foi apresentado aos leitores deste pasquim semana passada neste post, é um dos dez “atletas amadores” escolhidos pela Under Armour – marca esportiva estado-unidense licenciada no Brasil pela Olympikus – para participar de um programa de quatro meses de ganho de performance.

Trata-se, segundo o jornalista, de algo que não envolve contrapartidas financeiras nem mesmo a obrigação, por parte dele e dos demais esportistas amadores selecionados, de publicação de posts em suas redes sociais.

A Under Armour, contudo, pode se utilizar da imagem e dos depoimentos dos dez amadores em suas próprias redes.

A malta pratica triatlo – caso do Bruno –, corrida e crossfit. Como traço comum, são todos de São Paulo, têm carreiras bastante bem encetadas e, com a exceção solitária do treinador Samuel Araújo Silva, são brancos. Diversidade racial não foi um dos critérios adotados na seleção do “casting”.

Os eventos começaram em 31 de agosto, com palestras de Amyr Klink e Wallace, atleta da seleção principal de vôlei, no NAR – Núcleo de Alto Rendimento.

AS MARCAS SE MEXEM

A Under Armour não quis revelar quanto empenha no projeto. Audrio Magalhães, gerente de marketing esportivo da marca, respondeu, por e-mail, às perguntas do JQC.

Por que investir em amadores? Atletas profissionais não dão mais retorno?

A Under Armour tem como posicionamento falar sobre performance humana e como missão fazer os atletas melhores, sejam profissionais ou amadores. Globalmente a marca tem em seu time de embaixadores e parceiros atletas que buscam sempre o melhor e que treinam duro. Nomes como Tom Brady, Stephen Curry, Antony Joshua, Teddy Riner, entre outros; no Brasil, os campeões olímpicos Alison Cerutti e Bruno Schmidt (do vôlei de praia) e Wallace Souza (vôlei de quadra), além do triatleta profissional Frank Silvestrin. Todos eles referências no esporte profissional de alto rendimento.

Com o lançamento do Under Armour Performance Lab, trazemos ao time dez atletas amadores de alto rendimento que possuem a mesma garra, dedicação e amor pelo esporte dos profissionais citados. Profissionais ou não, a marca acredita que os atletas que dão retorno e melhor representam os nossos valores são aqueles que possuem esses atributos.

Considerando que cada integrante tem um desafio próprio e, mais do que isso, tempo próprio para atingir seus objetivos, como inserir alguma previsibilidade nisso? 

De agora até o final do ano, os integrantes do UA LAB serão acompanhados visando ganhos de performance. Todos passarão de imediato por um processo de avaliação física que inclui mapeamento de performance cognitiva (com auxílio de realidade virtual), teste de potência e análise de corrida 3D.

Com os resultados, cada um terá suas metas pessoais definidas com a marca e com Luciano D’Elia, diretor técnico do UA LAB, fundador do Core 360º, um dos maiores experts em treinamento funcional do Brasil.

No final do ano, todos os atletas serão reavaliados. Cada um saberá quais metas foram atingidas e quais ficam para a sequência de suas rotinas. O investimento está concentrado nos “meetings”, encontros pautados em experiências, conteúdos e treinos, que oferecem aos atletas as ferramentas necessárias para evolução de performance.

Como se dá o acompanhamento de cada integrante do projeto?

Através das avaliações físicas (no início e no final do projeto), dos “meetings” e também no dia a dia. Nos encontros oficiais, todos são acompanhados de perto por Luciano D’Elia e por profissionais convidados para cada encontro.

Mas o contato é diário, para sempre colocar a marca à disposição dos atletas e para oferecer informações, estrutura e produtos necessários para que eles atinjam seus objetivos e metas dentro do esporte.

Como a Under Armour imagina tirar proveito do crescimento de performance desses integrantes?

Ao longo de todo o projeto uma produtora seguirá os atletas a fim de produzir conteúdos relevantes que mostrem ao público o que acontece com eles. Esses conteúdos serão exibidos nas redes sociais da marca e nas dos atletas. Todos os conteúdos sempre abordarão de forma real e verdadeira tudo que acontece no projeto.

Nota-se uma preferência por praticantes de triatlo ou de corrida de aventura em detrimento do sujeito que apenas corre no ambiente urbano. A marca está apontando suas baterias para esse público? Isso exige calçados mais resistentes do que leves, por exemplo?

Como marca, Under Armour tem como foco principal em training e running. O time do UA LAB foi pensado para ser multidisciplinar, de diferentes modalidades, mas que pudessem nos ajudar a abordar sempre essas duas categorias.

Dentre os dez participantes, temos dois maratonistas, dois de crossfit e seis triatletas – modalidade em que o running e o training são fundamentais tanto na prova como, principalmente, na jornada de treinos e preparação.

Temos certeza de termos em mãos os melhores atletas, das modalidades certas, para comunicarmo-nos com nossos consumidores através das categorias mais importantes para a marca nesse momento.

No “casting” escolhido há pouca variação etária, sócio-econômica e racial. A UA quer falar apenas para brancos, de 20/40 anos e bem posicionados economicamente? Diversidade não é uma preocupação?

Os atletas participantes do UA LAB foram todos escolhidos pautados em três critérios: 1) ser um atleta de alto rendimento dentro de sua modalidade e ter a busca pelo aumento de performance como estilo de vida; 2) ter uma profissão fora do esporte, conseguindo conciliar a rotina puxada de trabalho com os treinamentos; 3) inspirar as pessoas dentro da comunidade de suas modalidades, seja online (redes sociais), seja offline (locais de treino, eventos e campeonatos).

Esses critérios foram abordados independentemente de critérios como classe social ou variação racial. Acreditamos, como marca, que a performance esportiva, o amor pelo esporte e a vontade de ser sempre melhor independem de classe, opção sexual ou cor.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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