Coisa de nerd

Paulo Vieira

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NÃO SEI QUANTO ELE RECEBE DA SAMSUNG, mas, se eu fosse executivo da subsidiária brasileira da empresa coreana, pagava o dobro, o triplo, o quádruplo.

Leon Martins, o sujeito baixinho do canal Coisa de Nerd, do YouTube, 6,5 milhões de inscritos, minhas filhas entre eles, deve ter feito pela vendagem dos smartphones da marca muito mais do que qualquer plano de mídia convencional desses que desperdiçam dinheiro à rodo no horário nobre da TV para gáudio de uns poucos publicitários.

No vídeo embebido abaixo, assistido até este momento 4,2 milhões de vezes, ele coloca o Samsung S7 – que diz ter comprado com seu próprio cacau – dentro de um frasco d’água.

Fica bem pequeno pro iPhone, que Leon usava até então. Como se sabe, o ex-objeto de desejo da Apple não aguenta uma mísera chuvinha – às vezes nem o suor de um modesto 10K.

Agora que a coreana acaba de colocar no mercado seu novo aparelho, o S8, ele e sua parceira Nilce Moretto, ex-repórter de geral da TV Record, foram convidados para aparecer nos eventos de lançamento da marca em Nova York e São Paulo.

E eles compensaram amplamente os patronos de Gangnam-gu fazendo este vídeo em seu quarto do hotel de Nova York.

Na Pauliceia, a Samsung fez o lançamento de seu aparelho na Sala São Paulo, o espaço mais sofisticado de concertos da cidade. Na apresentação, segunda passada, os executivos da empresa se revezaram no enorme palco contracenando pateticamente com a atriz Taís Araújo.

A leitura do teleprompter era feita tão à vista do público, de maneira tão constrangedoramente aberta, que a dinâmica acabou sendo bastante passável.

Mas antes que isso acontecesse, persegui o Leon pelos espaços da estação de trem transformada em auditório. Ele falou ao JQC.

YOUTUBE X JORNALISMO

“Não tem uma competição direta, YouTube é coisa de nicho. Se eu quiser ver um review de tecnologia específico, vou ao YouTube, mas se eu quiser saber notícias da Coreia ou do Iraque vou a um site de notícias. O jornalismo tem capacidade melhor de fazer a seleção da informação, o YouTube é mais selvagem, cada um fala o que quer.” 

CONTEÚDO E RESPONSABILIDADE

“Consigo compreender a preocupação de vários pais que querem que seus filhos não vejam vídeos com palavrões. Tenho cuidado com a linguagem, não coloco conteúdo no ar que não seja amigável para toda a família. Não quero agregar nada negativo. Meu escopo é limitado, falo das coisas que tenho mais familiaridade.”

BALEIA AZUL

“É algo de que não vou falar mesmo que me peçam, creio que falar de suicídio pode encorajar as pessoas a fazer aquilo. A gente recebe demandas para tratar de vários assuntos, da Coreia do Norte à [gestão] de uma prefeitura do interior.”

AQUI É TRABALHO

“Eu e a Nilce trabalhamos 12 horas diariamente. E não tem fim de semana, 99% de nossas conversas são sobre YouTube. Isso perturba, penso: ’Daqui a dez anos, quando eu olhar pra trás, que vou ver?’ A gente está tentando diminuir [o ritmo] para fazer outras coisas também, mas o algoritmo do YouTube, que favorita nossos vídeos, acaba pedindo uma postagem periódica. Gastamos muito tempo em pesquisa e edição, não dá para embarcar nessa de colocar vídeo todo dia.”

A SAUDADE DA CORRIDA

“Nós vamos à academia, mas eu sempre gostei de correr, não corro mais por conta de uma hérnia de disco que evoluiu para uma artrose. Eu queria fazer atletismo na high school, mas não tinha coordenação, cheguei a jogar o dardo na minha cabeça, derrubei muito hurdle (obstáculo). Então descobri a milha, depois as 2 milhas (3,2K). Era a distância que mais me realizava, pois no treino eu  conseguia pensar em outras coisas, era como uma meditação.” 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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