É DIFÍCIL SABER O QUE É MAIS ESTARRECEDOR. Se as decapitações em massa nos presídios, o silêncio sorridente de quem vê as notícias pela TV ou pelo celular – nós – ou a inação dos sucessivos governos e do sistema judiciário diante do crescimento das facções criminosas.
Nessa hora todo mundo tem o diagnóstico e o tratamento prontos – inclusive o mais atrapalhado ministro da Justiça em décadas –, mas está claro que presos não julgados ou que cometeram crimes risíveis não deveriam estar nas cadeias, aprendendo a ser bandidos.
SUBINDO O SOLIMÕES NA ROTA DO NARCOTRÁFICO
Cadeia não ressocializa nada. Até os americanos, que têm a maior população carcerária do mundo mas agora parecem decididos a se livrar desse pecha, começaram a perceber que a chave mágica da solução do problema tem dois nomes: descriminalização e legalização.
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A corrida e o esporte não vão acabar com o narcotráfico, mas neste país de gritante desigualdade social podem ajudar a deixar muita gente longe dos CDPs e das demais cadeias.
Nessas horas nunca é demais celebrar o que fez e faz a baiana Neide Santos, da ONG Vida Corrida, do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, que perdeu o marido trabalhador para a violência policial e o filho adolescente para a violência social – ele foi assassinado por um garoto de 14 anos da vizinhança.
Foi voltando do cemitério, depois de enterrar o filho, que ela decidiu dar início a seu projeto social que leva esporte, educação e cidadania a levas e levas de crianças e adultos da região.
NEIDE SANTOS LEVA CORRIDA E CIDADANIA AO CAPÃO REDONDO
UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO COLETIVA NO CAPÃO REDONDO
OS MENINOS DO CAPÃO REDONDO QUE VOCÊ TAMBÉM PODE AJUDAR
JUIZ DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE IBERÊ CASTRO LEVA CORRIDA PARA MENORES
Em terra de cego quem tem um olho é rei, diz o ditado, e em terra onde a realidade é bruta, feia e escura o que ela faz, levar um pouco de luz, tem de ser exaltado.
“O meu mundo melhor começa com esporte”, ela já disse, e assim devem pensar também pais e filhos que fazem as aulas de corrida e esporte da ONG Vida Corrida, que assim se livram da ociosidade, para dizer o mínimo.
Não se sabe se a tecnologia, que irá desalojar ainda mais gente de seus empregos, um dia irá jogar a nosso favor. O que se sabe é que não dá para esperar muita coisa de lugar nenhum, muito menos de Brasília e do Morumbi.
Nessas horas, lenitivos como o da Neide são infelizmente ainda mais necessários.