Corridas para a tigrada

Paulo Vieira

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A INIQUIDADE SOCIAL BRASILEIRA tem seu próprio microcosmo no universo da corrida. Enquanto muitos alunos de assessorias esportivas bacanas realizam seus planos de correr maratonas, uma por ano, sempre no exterior, aqui a tigrada se acotovela na internet para chegar a tempo de conseguir inscrições para os circuitos populares de corrida.

Já falei com muita gente que ficou perplexa quando disse que corri duas maratonas, sempre em São Paulo. “E as subidas?”, “Mas, e o calor?”. Uma executiva com muitas maratonas no currículo, todas feitas fora do Brasil, que entrevistei recentemente para a revista PODER, apresentou um outro senão: “Mas não tem ninguém nas ruas torcendo por você!”.

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A PROVA SEM MEDALHA

De fato, não tem mesmo. Mas quem tem 500 dólares só para bancar inscrições, sem falar no aéreo, hospedagem, fru-frus etc., o dólar valendo ainda por cima 3,3 dilmas? O negócio é correr por aqui mesmo.

Imbuído do melhor espírito Robin Hood, este pasquim selecionou dois circuitos de corrida. Circuitos raça, é bom que se diga, mas que não vão pesar no bolso do cidadão que acha que faz falta uma provinha no domingão de quando em vez.

CIRCUITO SESC DE CORRIDAS

O Sistema S tem historicamente passado ileso no ajuste fiscal, vai entender, então que nos locupletemos todos. Os Sesc estaduais realizam seus próprios circuitos de corrida, com dezenas de provas ao longo do ano com inscrições a partir de 5 dilmas. Em São Paulo, o grande evento acontece justamente neste domingo, dia 31, no Sesc Interlagos.

Os 6K da Corrida Rústica do domingo já têm as inscrições esgotadas, mas é para lá, na velha unidade “campestre” da capital, que fazem questão de ir os corredores que, ao longo do ano, escolhem algumas etapas do circuito Sesc para percorrer, normalmente por razões bairrísticas.

Em agosto, o Circuito faz uma parada olímpica, mas volta em setembro. Pela capital, até dezembro, há provas no Bom Retiro, Consolação, e a tradicional meia maratona do Ipiranga. Perto da metrópole rolam também as provas de São Caetano (corrida infantil) e Santos. Ambas em outubro.

CIRCUITO POPULAR DA PREFEITURA

Já a prefeitura de São Paulo ataca com seu Circuito Popular. Todas as subprefeituras (com uma única exceção) realizam suas corridas em percursos de 5K, em média. Em agosto, no dia 7, é a vez de Aricanduva. No dia 14, o Pelezão, o clube municipal aqui da Lapa, é o ponto de encontro para a corrida dos lapeanos; e dia 21, na avenida Escola Politécnica, o povo do Butantã faz a festa.

As inscrições para esses circuitos populares podem ser feitas aqui, mas é preciso, antes, ir até a subprefeitura em questão e pegar um cupom. Sem ele, você não consegue finalizar a operação.

Custa 0,00, mas tem dessas.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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