A maratona mais gelada do Brasil

Paulo Vieira

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OS MARATONISTAS BRASILEIROS não costumam olhar para o céu apenas para ver se vai chover, como Nelson Rodrigues vivia a dizer de Dom Helder Câmara, mas escarafuncham os sites de previsão do tempo para ver se o calor vai dar um tempo lá pela terceira hora da prova.

Na Mara de SP deste ano, completada por este jornalista que corre a 3:34, o sol foi impiedoso, com a temperatura batendo na casa dos 30 graus. Verdadeiros herois da resistência, alguns colegas – veja relatos no link abaixo – levaram mais de 5 horas para concluir a prova, o que significou correr a manhã inteira e, forçando um pouco, ainda adentrar o horário da sesta.

A FORNALHA DA MARA DE SP

HEROIS DA RESISTÊNCIA NA MARA DE SP

CONSIDERAÇÕES SOBRE A SESTA

SOLONEI, O MARATONISTA QUE GOSTA DE CALOR

Mas quem enfrentou a 33ª edição da Mara de Porto Alegre, ontem, deve ter achado que estava em Boston ou Nova York, ou melhor dizendo, no Círculo Polar Ártico.

Os cerca de 7 500 inscritos (participantes também das provas de meia maratona e de 10K, 5K e 3K) tiveram de alinhar às 7 da manhã sob frio de 2º.

icemarathon

O mineiro João Marcos Fonseca, o João Gari, repetiu 2011 e ganhou a prova principal, fechando os 42K em 2:21, segundo o jornal Zero Hora. Entre as mulheres, quem levou foi Valquíria Oliveira, de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde o frio deve assustar um pouco mais do que na capital gaúcha.

João Gari, como o penapolense Solonei Silva, que vai estar nos Jogos do Rio, foi durante muitos anos coletor de lixo, daí seu nome.

O colunista Tulio Milman, do jornal Zero Hora, que correu a meia e gostou do percurso e da infra-estrutura da prova, disse, aparentemente sem querer ser irônico, que “não precisava mergulhar os copos [d’agua, da hidratação oficial] no gelo quando a sensação térmica batia no zero grau”.

Voltas que o mundo dá. Em São Paulo e no Rio todos costumamos sofrer lá pela terceira hora da prova, quando praticamente todo o gelo dos postos de hidratação já derreteu.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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