OS MARATONISTAS BRASILEIROS não costumam olhar para o céu apenas para ver se vai chover, como Nelson Rodrigues vivia a dizer de Dom Helder Câmara, mas escarafuncham os sites de previsão do tempo para ver se o calor vai dar um tempo lá pela terceira hora da prova.
Na Mara de SP deste ano, completada por este jornalista que corre a 3:34, o sol foi impiedoso, com a temperatura batendo na casa dos 30 graus. Verdadeiros herois da resistência, alguns colegas – veja relatos no link abaixo – levaram mais de 5 horas para concluir a prova, o que significou correr a manhã inteira e, forçando um pouco, ainda adentrar o horário da sesta.
A FORNALHA DA MARA DE SP
HEROIS DA RESISTÊNCIA NA MARA DE SP
CONSIDERAÇÕES SOBRE A SESTA
SOLONEI, O MARATONISTA QUE GOSTA DE CALOR
Mas quem enfrentou a 33ª edição da Mara de Porto Alegre, ontem, deve ter achado que estava em Boston ou Nova York, ou melhor dizendo, no Círculo Polar Ártico.
Os cerca de 7 500 inscritos (participantes também das provas de meia maratona e de 10K, 5K e 3K) tiveram de alinhar às 7 da manhã sob frio de 2º.
O mineiro João Marcos Fonseca, o João Gari, repetiu 2011 e ganhou a prova principal, fechando os 42K em 2:21, segundo o jornal Zero Hora. Entre as mulheres, quem levou foi Valquíria Oliveira, de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde o frio deve assustar um pouco mais do que na capital gaúcha.
João Gari, como o penapolense Solonei Silva, que vai estar nos Jogos do Rio, foi durante muitos anos coletor de lixo, daí seu nome.
O colunista Tulio Milman, do jornal Zero Hora, que correu a meia e gostou do percurso e da infra-estrutura da prova, disse, aparentemente sem querer ser irônico, que “não precisava mergulhar os copos [d’agua, da hidratação oficial] no gelo quando a sensação térmica batia no zero grau”.
Voltas que o mundo dá. Em São Paulo e no Rio todos costumamos sofrer lá pela terceira hora da prova, quando praticamente todo o gelo dos postos de hidratação já derreteu.