Corridas por Rio, BH e Vitória

Paulo Vieira

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Urca/Crédito: Vivaurca.wordpress
Urca/Foto: Vivaurca.wordpress

Eu não estava em tour com minha banda de trash funk, a Falência Geral dos Órgãos, mas deixei Sampa e visitei três capitais do sudeste (e uma do extremo sul baiano) em menos de quinze dias no último grito de Dois-mil-e-kiss-me.

Claro, corri em todas elas.

Embora isso possa parecer a belzontinos, capixabas e cariocas a mais comezinha carne de vaca, não me furto a compartilhar com os amigos os roteiros percorridos em Belo Horizonte, Vitória e Rio, ou o que consigo lembrar deles, pois foram todos supimpas.

BELO HORIZONTE

A corrida foi como o velho ônibus “Avenidas”, que passa na Paulista: circular. Corri por uma hora exata no centro não estendido de BH, sempre dentro dos contornos da avenida do Contorno.

CORRENDO NA PAMPULHA

Início e final na avenida Getúlio Vargas com Fernandes Tourinho, com incursões a oeste pela rua Curitiba, a norte pela Guajajaras e a leste pela Paraíba. Como era domingo bem cedo – antes da final do Barcelona contra o River –, pouquíssima gente na rua. Vários corredores se utilizavam do meio quilômetro da praça da Liberdade, também no meu roteiro, para dar e voltas e voltas por ali.

CORRIDA URBANA

Impressão 1: eita cidade organizada. As tribos (etnias, perdão) das músicas do Clube da Esquina, Guajajaras, Aimorés e Timbiras, batizam as ruas que ficam na abcissa; os estados do Brasil, as ruas das ordenadas. E os estados não estão dispostos aleatoriamente, mas há uma ordem geográfica que mimetiza sua distribuição no Brasil.

Só não entendi o que faz Curitiba entre São Paulo e Santa Catarina. Perdeu, Paraná.

Impressão 2: se o desenvolvimento de uma cidade puder ser medido pelo estado geral de suas calçadas, Belo Horizonte é nota 10. Não BH toda, claro, mas essa parte Plano Piloto dela é phoda. Nível Madri.

 

VITÓRIA

Numa cidade praiana se corre mormente na praia, e eu fiz isso junto com meio Espírito Santo ao longo do calçadão da praia de Camburi naquele entardecer.

Entre ir e voltar por ali foram uns 7K, mas ainda houve outros oito, e boa parte deles foram gastos numa volta espetacular pela ilha do Frade, que fica a menos de 1K de distância do Shopping Vitória, onde a corrida começou após uma sessão de Alvin e os Esquilos 4.

O litoral de Vitória é recortado, cheio de angras e promontórios, e da ilha do Frade tem-se notícia disso de muitos ângulos. Recomendo muitíssimo todas aquelas vistas, assim como recomendo Alvin 4.

O final do “treino” ainda passou pelos quarteirões perfeitamente quadrados, à bonarense, do bairro agitado da Praia do Canto, com direito a um triângulo, o das Bermudas, com suas calçadas e botecos já muvucados, à espera de 2016.

GOSTAMOS DO ALVIN, MAS DO FELLINI TAMBÉM

RIO

Correr pelo Aterro do Flamengo, especialmente em feriado, quando ele está interditado aos carros, é puro déjà-vu. Quem fez prova de 10K, meia maratona ou maratona na Cidade Maravilhosa conhece bem as curvas de dona Lota (e muito provavelmente chega a maldizê-las, por intermináveis).

Mas colocar a Urca e o Centro Histórico na jogada pode dar muita pimenta ao itinerário.

A MARATONA DO RIO, UMA HOMENAGEM

Eu comecei defronte ao Real Gabinete Portuguez de Leitura, biblioteca linda que infelizmente só reabriu hoje, quando Inês era morta havia uma data. Dali errei pela rua do Ouvidor, paralelas e transversais, todo aquele miolinho compreendido entre a Confeitaria Colombo e a igreja da Candelária (em cujo belo interior uma tabuleta adverte que não é permitido entrar armado).

DA PRAÇA XV AO POSTO 6, MAIS RIO

Ganhei a Antônio Carlos – que reverência desmedida a um obscuro presidente de província – pela São José e dali peguei a primeira passarela do Aterro. Nem era preciso, pois a via só seria liberada aos carros às 19h, e ainda faltavam cerca de 15 minutos.

A GRANDE BELEZA, ROMA E URCA

O calor e a umidade estavam nível extremo, mesmo àquela hora, mas juntei forças para chegar à Urca e lá averiguar se o Bar Urca podia me receber com uma água gelada (com R$ 10 no bolso um chope estava fora de alcance).

Não foi fácil. Do Fogo de Chão, na praia de Botafogo, até o afamado botequim são 2,8K, ou seja, seriam 5,6K para voltar ao Botafogo depois. Ao bater 1h15 de corrida, decidi dar por encerrada a função, e voltei para o velho Ibis da praça Tiradentes de busão, porque ninguém é de ferro.

MAIS CORRIDA, MAIS BIRITA

A propósito, o Bar Urca estava fechado.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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