Não existiria som se não houvesse o silêncio, disse o grande Pragana Santos numa de suas músicas lindamente pegajosas. Também não existira o refrão se não houvesse a estrofe que o antecede; e, por extensão, não haveria a música pop se não houvesse a estrofe inicial non sense.
De maneira análoga, não existiria a sensação boa de bem-estar, o tal runner’s high, se não parássemos de correr. Aquela vontade de ficar tomando o café da manhã por uma hora na varanda, ocasião em que até a Folha de segunda-feira parece ter algo a dizer, só vem mesmo após uma boa rodagem no parque.
Como as endorfinas e os endocabinoides iriam trabalhar se você não parasse nunca de os produzir? É preciso cessar o esforço para desfrutar do high.
Pois eu ando precisando de mais esforço para poder desfrutar disso. Já não sinto a mesma alegria pós-coito, ou, por outra, já não vejo graça na Folha de segunda se não corro pelo menos 1h30.
O que isso quer dizer? Que vou ter de parar e começar tudo de novo, bem devagarinho? Que é melhor tentar triatlo ou marcha atlética? Jogos de tabuleiro?
Alguns colegas heavy users, corredores de muita quilometragem, vieram, a pedido, em minha ajuda.
O chapa Vicent Sobrinho, colunista da Corrida Viva, disse-me o seguinte, num diálogo via Twitter: