Na África do Sul

Paulo Vieira

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Assim como há gente – ao menos na anedota – que acha que irá encontrar cobras nas esquinas brasileiras, quem chega à África do Sul talvez espere ver elefantes e rinocerontes brancos pelas ruas de Johanesburgo e da Cidade do Cabo. Eu não vi nenhuma dessas bestas, os animais, digo, mas sim parreirais, parreirais, parreirais (e um pavão andando em meio à plantação).

Table Mountain, a grande atração de Capetown
Table Mountain, a grande atração de Capetown

Cumpro aqui uma exigente programação turística que inclui sucessivas degustações de chenin blancs, pinotages e shiraz, lautos almoços e jantares e algum deslocamento pelas estradas de mão inglesa do país. Neste exato momento estou dentro da van, enlatado com meus companheiros jornalistas do Japão, Coreia, Rússia e Estados Unidos.

Com tudo isso, o condicionamento físico esteve a ponto de ir para o vinagre não fosse minha inclinação natural para o cascalho e o apoio do parça americano Brian Freedman, que também gosta de correr e pretende fazer sua primeira maratona ano que vem em… Bordeaux.

Corremos juntos hoje por cerca de 1 hora, e ele particularmente sofreu numa ladeira que levava às pirambeiras de Paarl, uma das cidades da região vinícola do país que visitamos. Brian escreve sobre comida e vinho e seus destinos pelo mundo normalmente têm algo a ver com a bebida dionisíaca.

Como estava difícil para encarar a subida, voltamos para o plano, correndo ao longo de um rio não exatamente idílico. Mas bastante bom para o serviço público, como diria aquele jornalista elegante.

Numa cidade que produz tanto vinho, seria natural especular que acharíamos caminhos rurais, mas nosso hotel ficava na área urbana da cidade. Nada a lamentar, pois ao menos corremos. Foi a segunda vez que a dupla se juntou na África do Sul, pois debutamos na noite negra da Cidade do Cabo – o sol só levanta tarde no inverno às 7h20, 7h30 –, correndo ao longo do mar.

Não era exatamente como correr na Zona Sul carioca, pois só nos aproximamos do calçadão e do Atlântico frio com meia hora de função.

Assim como diversas outras coisas, ou talvez todas as outras coisas, correr é igual em qualquer lugar do mundo. A temperatura pode variar, e não muito mais do que isso. Basta colocar o tênis e sair por aí.

Se existe alguma dica neste post, portanto, é de que não há qualquer desculpa para não correr, se você gosta de correr. Vinho? Carne de antílope? Sherrys? Desjejuns muito cedo? Nada disso serve como escusa, muito pelo contrário.

E sim, uma vez na Cidade do Cabo, saiba que você pode contar com uma companhia para correr, caso não tenha um parceiro americano à mão. O hotel Westin provê esse serviço, mas é exclusivo para os hóspedes.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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