México lindo

Paulo Vieira

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Puerto Vallarta, no México
Puerto Vallarta, bom para martinis e daiquiris
Há 21 ou 22 anos, quando comecei a planejar minha primeira viagem internacional, o destino seria o misterioso e espetacular México e a volta seria pela América Central e Colômbia, de ônibus, em “surface”, no jargão do agente de viagem, um bom amigo que apreciaria rever, o Ahmed.

Mas isso não aconteceu, e eu fiz minha estreia de modo um tanto mais convencional, trocando os vulcões e as Farc pela vovó e primas em Portugal.

Muito bem, escrevo hoje desde o DF, a Cidade do México das pirâmides, Rivera e dos tacos pastor, que naquela época era conhecida dos que não a conheciam por ter taxistas que sequestravam os passageiros e um trânsito que deveria ser pior que o de hoje.

Os taxistas não só não são perigosos, se é mesmo que um dia foram, quanto se desculpam e se dispõem a fazer bom desconto se rodam sem necessidade para achar um endereço.

Nesta viagem mexicana conheci também Puerto Vallarta, no Pacífico, antiga vila pesqueira hoje cheia de hotéis de bandeiras americanas, para sempre condenada a ser o paraíso – ou inferno – tropical de Liz Taylor e Richard Burton.

Vallarta é uma festa para quem é louco por praias, que se distribuem sem miguelagem ao longo de uma enorme baía em curva. O Pacífico faz muita justiça ao nome e tem águas quentinhas como as da Bahia. Nesse ambiente seria mais do que natural, entremos de uma vez neste demônio de assunto, calçar os tênis, ou melhor, descalçá-los, e sair ganhando as distâncias.

Mas não foi bem assim.

Um corredor com a rodagem semanal dos meus últimos meses não se daria ao luxo de desperdiçar uma enorme e inédita faixa de praia em outro canto do mundo. Mas a areia era fofa demais, a praia se interrompia o tempo todo por molhes e saídas de resorts; e o calor, 30 graus já pelas 10 da manhã, só permitia piques antes das 8 e depois das 5 da tarde. Com isso, não acrescentei mais que 4K aos meus quadríceps.

A casa de Frida Kahlo, na Cidade do México
Na casa dos amigos Frida e Diego

Desculpas ruins, concordo. O que pegou mesmo foi ter ressuscitado um velho hábito deixado de lado pela vida doméstica e outras crenças estranhas: a biritagem com bons – ainda que desconhecidos na véspera – amigos.

“The piano has been drinking. Not me”, cantaria Tom Waits, com um esgar de comiseração. Meu retrospecto ficou aquém de um americano em spring break, mas, diante do meu comportamento nos últimos meses em São Paulo, Vallarta foi Ibiza.

Nada que atrapalhe meus planos, que, aliás, não sei bem quais são. Uma maratona de fato está na mira, mas ainda não sei se Porto Alegre, São Miguel do Oeste ou Paris. Ir e voltar do Pico do Jaraguá, coisa que já fiz três ou quatro vezes, parece já não ser mais suficiente. Resta saber se esse meu autumn break vai mudar alguma coisa na preparação.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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