A sociopatia se manifesta com força depois dos 30, 40 anos, mas, como tudo, pode variar de pessoa para pessoa. No meu caso, intensificou-se com a paternidade.
Com isso, a cada dois anos mais ou menos eu troco uma mensagem com minha querida amiga Valéria França, de tantos serviços prestados ao jornalismo conservador brasileiro.
Invariavelmente, ficamos de marcar um café, um almoço ou um algo-mais, like old times, mas esbarramos em inexistentes dificuldades logísticas.
Diferentemente do marido da piada, é dela a última palavra: “já sei, você não vai querer sair da Zona Oeste.”
Bingo.
Não saio da Z.O. por razões bairrísticas e clubísticas, mas também porque aqui é o pedaço mais arborizado, bonito e tranquilo da cidade. E ainda tem uns cafés bacanas na Vila Madalena, apesar do preço cambiante, mas sempre pra cima, do expresso.
Como eu corro por aqui em lugares duca, possivelmente os melhores de toda Piratininga, decidi compartilhar meus trajetos.
À maneira dos itinerários de ônibus que os velhos guias de ruas traziam, seguem logradouro por logradouro. Estes são 100% Z.O. Na próxima entra um Algo-acontece-no-meu-coração.
15K A 20K POR ALTO DE PINHEIROS, BOAÇAVA, VILLA-LOBOS, ENFARTADOS E USP
Saída: defronte à padaria com uma enorme imagem de Nossa Senhora de Fátima, que tem pão na chapa barato mas não café expresso. (Nem toda a gentrificação do mundo é capaz de tirar os pioneiros de suas terras).
Rua Dr. Alberto Seabra, atravesse o cruzamento da São Gualter com Diógenes com cuidado e siga pela Alberto Seabra, Alberto Faria, Orobó, Antônio de Gouveia Giudice, Berlioz, Pedralva, Padre Pereira de Andrade, Angelim, Av. Bagiru (trecho em subida, bom pra treinar), dos Escultores, Pç. Barão Pinto Lima (ou do Boaçava, é bem bonita, pode dar mais uns giros nela à gosto), Pç. Amundsen (olha o naipe da região: uma praça atrás da outra), Parque Villa-Lobos (eu costumo usar a trilha externa, 4K; se usar a trilha de asfalto, que é das bikes no fim de semana, são 3,5K), Av. Arruda Botelho (saia pelo portão 4), Silva Prado, Orobó, Pça. Norma Arruda, Pça Conde de Barcelos (ou dos Enfartados, ela tem uma trilha de cascalho de 600 metros; sugiro 3 a 4 voltas por ali), Bennet, Capepuxis, Itapicura, Ponte da USP, entrada na USP pelo portão exclusivo de pedestres, logo após atravessar o rio. Se for num fim de tarde de sábado, paraíso na Terrra: a USP é só sua.
LAPA – PIKO DO JARAGUÁ SEM HIGHWAYS (17K)
Saída: padaria Natalina, a melhor padaria old school de São Paulo (e, por extensão, do Brasil).
Rua Sepetiba, Álvaro Martins, Tiburtino (maravilha de nome), Camilo, Francisco Alves, Tito, Barra do Chapéu (e esse então?), Coriolano, Nossa Senhora da Lapa, Tomé de Souza, Av. Mercedes, Diogo Ortiz, Pç. Ângelo Rivetti, João Tibiriçá, escadaria sobre a CPTM (antes um pouquinho da estação Domingos de Moraes), Fortunato Ferraz (onde está o BAR DO GAGO/RODOVIÁRIA CLANDESTINA), Botocudos, alça da Anhanguera, ponte sobre o Tietê, passarela, Inácio Luís da Costa, Joaquim Antônio Azevedo, Dr. Odon Carlos de Figueiredo Ferraz, Almiro Bernardo, Eng. Giuseppe Miglioretti, Av. do Anastácio (toda vida, dá quase 3K), Av. Mutinga (cruze no farol de pedestre defronte ao Carrefour), Piritubão, Av. Agenor Couto de Magalhães, ponte sobre a Bandeirantes, Gal. Alexandre Lima, Maria José Vasconcelos Mankel (descida cabulosa, se voltar correndo por ali é casca, quebra mesmo), Av. José Alves de Mira, passagem sob a Bandeirantes, Com. José de Mattos, aldeia guarani Tekoá Piau, entrada do Piko (4,5K de subida até o topo, onde ficam as antenas).
Um videozinho pra ter ideia de como é esse caminho mítico? Bien sure!
Este vídeo também está no canal Jornalistas que Correm no You Tube, além de vários outros.
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