Na Night Run, o escuro é o de menos

Julia Zanolli

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Quando soube que a Night Run de São Paulo ia acontecer no Sambódromo, confesso que soltei um muxoxo. Já não basta o Autódromo… qual é o problema com a USP, o Jóquei, tão tradicional, tão pertinho?

Na hora de procurar um táxi para chegar até lá, dois motoristas deram o balão. Mas o José Raimundo chegou, ligou o ar condicionado e começou a puxar papo sobre corrida, talvez inspirado pelo meu figurino a caráter. Era um maratonista. Ou quase, já que quebrou no quilômetro 38. Contou que fez 1h35 em sua última meia, quase decepcionado: “Achei que ia chegar entre os 100 primeiros, mas tinha mais de 400 na minha frente”. O cara sabia até quantos quilômetros dura um tênis e ficou todo contente quando descobriu que o destino final era justamente uma prova de corrida. Não tive nem tempo de insistir para ele fazer uns treinos longos de 35 km para a maratona porque descobri que, na verdade, o Sambódromo é bem perto aqui da minha quebrada.

Na Night Run, que aconteceu neste sábado (12) dava para correr os 5 ou 10 K, com largadas divididas: a distância mais curta sai uma hora antes para não formar aquele bololô de gente e, nos dois casos, ainda tem faixas de ritmo para separar o “Pelotão Quênia” do povão. Naquele clima de festa de corrida noturna, a largada estava com cheiro de Gelol e ambição. Como eu queria conversar com o pessoal na chegada e não subo o Pico do Jaraguá no domingo de manhã, fiz só um tiro recreativo para conseguir dar a volta e alcançar os primeiros colocados. Se não fosse a tempestade, teria dado certo. Vi um ou outro corredor dos 10 K indo embora, mas a maioria ficou firme na largada para correr no escuro e debaixo de chuva. Raça.

E ainda assim, a galera sai contente, com medalha no peito e a banana da vitória nas mãos. Na volta, na quinta tentativa táxi, o motorista não estava no mesmo espírito esportivo e não conseguiu entender porque tinha tanta gente molhada com cara de alegre na rua. Mas eu lembrei porque prova, apesar da música puntz puntz e de todo aquele clima de transe coletivo, faz a gente ficar com uma baita vontade de correr.

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Julia Zanolli

Julia Zanolli começou a correr em nome do bom jornalismo quando foi trabalhar na revista Runner’s World sem entender nada do assunto. A obrigação virou curtição, mesmo depois de sair da revista. Se livrou do carro para poder andar a pé pela cidade, mas é fã assumida de esteira. Prefere falar de comida do que de nutrição e acha que ter tempo é muito melhor do que matá-lo.

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