Engana-se quem pensa que para meditar é preciso esvaziar a mente. Segundo a monja zen-budista Wahô, de São Paulo, a ideia não é parar os pensamentos, mas estar atento e perceber como eles são produzidos.
E ficar sentado em silêncio olhando para uma parede branca durante quase uma hora pode ter um efeito surpreendente na corrida. Diversas pesquisas internacionais sobre o tema já comprovaram que a prática ajuda a diminuir a dor, reduzir o estresse, melhorar a concentração e o sistema imunológico.
Há cerca de três meses comecei a frequentar semanalmente uma sala de meditação a convite de uma amiga, e já senti o tal barato zen. A tradição budista pede que os participantes sentem sob uma almofada, virados para a parede, e tentem se manter imóveis e em silêncio total durante a prática.
Aí vem a primeira e mais poderosa lição: tolerar o desconforto. Dói as costas, as pernas, coça o nariz… mas você não se mexe. “É importante não ceder ao primeiro incômodo, esses segundos que você resiste são poderosíssimos”, afirma a monja.
Na corrida, a lógica é a mesma. A dor vai chegar e você vai ter de negociar com ela. Procurar condicionamento para não se entregar a um ritmo confortável demais logo que o músculo começa a queimar é o segredo para ir mais longe.
Outro benefício importante é ter mais consciência da respiração, já que durante a meditação é preciso estar muito atento a ela. A prática também me deixou mais focada na hora de correr. “Meditar é estar presente, sem projetar o futuro ou julgar o passado”, diz Wahô. Embora seja tentador deixar a cabeça ir longe, vale experimentar se concentrar no que está acontecendo à sua volta enquanto você corre.
Uma coisa assim, Abramovic.
Há quem diga que a corrida também pode ser uma espécie de meditação, já que também promove benefícios para o corpo e a mente. Veja mais informações (em inglês) aqui, aqui e aqui.