Em um ano, Aline Salcedo foi dos 5 aos 21 K, colocou dez pinos no braço, saiu do emprego, terminou um relacionamento e montou sua própria assessoria de imprensa. A ascensão meteórica na corrida será coroada com sua primeira maratona, em Chicago, no mês que vem.
Carioca, ela passou 15 anos na Editora Abril, onde foi repórter da Caras e editora na revista Contigo. Mesmo trabalhando com celebridades, sempre gostou de esportes e cobriu a Olimpíada de Londres, em 2012, entre outros eventos.
Abaixo, Aline conta como fez da corrida uma aliada para seguir em frente.
“No ano passado um amigo me convidou para correr uma maratona. Nunca fui sedentária. Já fazia spinning, academia… Por que não?
O problema é que sempre odiei correr. Na época da escola eu fazia de tudo para escapar. Eu suava, ficava vermelha igual a uma maçã. Juro que me esforçava, mas não conseguia nunca alcançar o mínimo.
Mas o tempo passa e resolvi aceitar o desafio. Mudar os hábitos, o ritmo, a respiração. Só comecei a treinar mesmo depois de uns quatro meses de enrolação, em agosto do ano passado. Até me inscrevi em uma assessoria esportiva que treina na praia de Copacabana. E fiquei muito feliz com minha primeira corridinha de 5 minutos na orla. Foi tanta empolgação que quis criar um blog [hoje Aline escreve para o Intervalado, da revista Runner’s World].
No meu terceiro treino eu estava correndo em frente ao hotel Copacabana Palace quando um malandro me atropelou de bicicleta pelas costas. Nem vi. O cara me desequilibrou e eu caí com tudo em cima do cotovelo, de quina no asfalto.
Fiquei meio aérea, vendo tudo profundamente branco. Tentavam me ajudar a levantar e eu não conseguia. Fraturei o antebraço, tive que operar no mesmo dia, tomar muito Tramal (um parente da morfina), colocar uma placa de titânio e 10 pinos, e ainda ficar de molho por uns 40 dias. Tudo por causa da corrida. Drama, né? Ainda terminei um namoro e saí do emprego. Tá bom?
Mas hoje brinco que até fiquei mais fortinha com meu braço de titânio, estilo ‘blade runner’. Voltei a trotar de leve menos de um mês após a cirurgia. Arrumei uma fisioterapeuta corredora, que me incentivou demais. Comecei (escondido do medico) na areia fofa da praia, para não ter tanto impacto na articulação do cotovelo.
Na sequência, voltei a correr para valer, aos poucos, claro. Parei de fumar definitivamente. E apenas três meses depois do acidente, em novembro, me inscrevi para minha primeira corrida. Amei aquela coisa de kit, camiseta, medalha. Foram 5 km em 33 minutos. Quase nada. Mas chorei de emoção. Parecia que já tinha completado a maratona.
Em janeiro desse ano fiz um 10K, e em maio, um 8K em 47’07”. Em junho, descobri as Corridas de Montanha, e me joguei de cabeça! Já em julho fiz a Meia Maratona do Rio de Janeiro, com o tornozelo machucado por uma lesão de esforço repetitivo, em 2:19. Foi uma evolução incrível.
Agora, estou treinando para a maratona de Chicago, em outubro. Além da corrida, faço um treinamento para fortalecimento muscular. É clichê, mas é fato: cada dia é um novo desafio. E nada me tira da cabeça de que qualquer um pode correr uma maratona.”
Olá, Júlia
Também tenho um cotovelo de titânio.
Sou ciclista e em junho de 2013, por uma falha mecânica na bike, consegui acertar um poste a mais de 50km/h.
Hoje estava lendo sobre o Bono Vox e uma busca pelo termo cotovelo de titânio me trouxe ao seu artigo.
Legal saber que outros “loucos” como eu não se entregaram ao sedentarismo mesmo depois de uma lesão séria. Só quem passou pelas mais de 100 sessões de fisioterapia (no meu caso) sabe como é complicado retomar à vida normal. Fiquei com algumas sequelas, meus 9 parafusos na ulna e a prótese na cabeça do rádio me limitaram um pouco a prono-supinação e a extensão do ante-braço.
Como foi no seu caso? Recuperou 100% dos movimentos?