JQC, 1 ano

Paulo Vieira

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Noyz!Eu estava numa poltrona apertada de um avião da American. Faria conexão em Washington e de lá seguiria para Tóquio. Seriam duas noites seguidas sem dormir – e desta vez sem a desculpa da dor de dente.

Foi dali que eu escrevi o primeiro post deste pasquim eletrônico. Minha parceira original era a Talita Ribeiro, com quem trabalhei vários anos na VT. Eu viajava ao Japão para escrever uma reportagem para a revista da Editora Abril em que eu estava havia 12 anos. Mal sabia que iria “desovar” aquela “trip” dez dias após ser demitido.

Dizia naquele primeiro post:

“Corredores, jornalistas, mas não só, estão todos convidados. Nossa conversa aqui abordará corrida, preparação, nutrição, superação e, especialmente, curtição.”

E seguia:

“Espero encontrar um bom circuito em Tóquio, já que o mais legal dessa história toda é ter prazer – e o prazer é maior quando se corre por lugares diferentes.”

Bem, essa carta de intenções algo hippie foi mudando ao longo desses 365 dias, assim como minha própria preparação.
Juntei-me a uma assessoria esportiva, ainda que não tenha feito uma “planilha” com eles. Corri algumas provas pensando no relógio. Um 10K abaixo de 50’, um 25K abaixo de 2:06’, um 15K com tempo melhor que o do Sergio Xavier. Há algumas semanas, conversão das conversões, comprei um Garmin.

Resumi um pouco da transformação que vinha passando neste post de agosto, que relatava uma corrida solitária em circuito de que me tornei useiro e vezeiro, o Minha Casa-Pico do Jaraguá-Minha Casa. Dizia:

“Não é a primeira vez que digo que provas não são minhas metas; quero chegar ao estágio da maratona, e acho que já lá estou, mas não vou deixar de correr, digamos, boas léguas de uma estrada que nunca percorri só porque uma prova assoma no horizonte.”

Se algum dia me aproximei da escrita automática da geração beat, foi naquele post. Tinha pra todo mundo: para o meu pai, para o meu ex-chefe, para o Gesu Bambino.

Outros autores, e não só o tão citado Roberto Bolaño, deram as caras por aqui. Nosso sempre prestativo Sergio Xavier presenteou os leitores do JQC com um capítulo inédito de seu “Correria”.

Boas histórias passaram por aqui. A de Fernando Alves Pinto. A de Miguél Sanchez, corredor que morreu na ditadura argentina e foi retratado em documentário de Marcelo Outeiral.

Feliz ou infelizmente eu não produzi nada que se aproximasse de um “Uivo”, mas o site cresceu. Talita saiu, veio a Julia, ex-Runner’s, que ensinou a gente a comprar tênis e cuidar das dores. Eu passei a entender a razão do “tiro” e não mais me incomodei em descer a lenha de vez em quando.

Falta a maratona, que é quase uma fixação coletiva.

Talvez seja cedo demais para retrospectivas, mas 220 posts de, sei lá, 2 000 toques em média cada um, já perfazem uma coleção respeitável. Não é o “De Magister”, tudo bem. Mas acho que justificamos a sua companhia até aqui.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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