Hermom Dourado conta como foi a nova mara de Floripa

Paulo Vieira

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ATÉ OUTRO DIA, FLORIPA ERA A PÁTRIA DO IRONMAN e da prova de revezamento Volta à Ilha. Aí ganhou uma maratona, que em 2018 rola em fim de agosto, e este ano, miséria pouca é bobagem, estreou uma segunda mara, organizada pelos caras da Norte/Ativo/02.

Se a cidade vai comportar tantos eventos similares, é algo a conferir.

NILSON LIMA POR HERMOM DOURADO

A MARA NILSON LIMA: ENTREVISTAS SUADAS

HERMOM NA MARA DO RIO

CORRENDO EM FLORIPA – E SUBINDO A SERRA PARA CORRER DE NOVO EM SP

A prova foi ontem, e infiltramos um espião na parada, correndo a meia. Mas pelo jeito o Hermom, parça lá de Uberlândia que escreve um livro sobre o Nilson Lima – que ontem correu a mara do Rio, a 197ª de sua carreira –, foi cooptado pelos organizadores, pois só tem elogios à prova de Floripa.

Ele conta.

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QUANDO FIZ MINHA INSCRIÇÃO para a meia de Florianópolis, em agosto do ano passado, a ideia era usar esta prova como um longão de luxo na reta final da preparação para a maratona Nilson Lima de Uberlândia, cujas duas primeiras edições foram realizadas no início de julho.

A data desta prova em Floripa, 3 de junho, domingão de feriado de Corpus Christi, coincidiria com a da mara do Rio, da qual participei de 2014 a 2017 – duas vezes nos 21K e as outras duas nos 42K –, mas isso não seria problema porque eu queria respirar novos ares.

Tudo estava bem planejado, só que decidiram antecipar a “UDI 42” para 22 de abril para que ela também servisse como treino para a [ultra sul-africana] Comrades.

Pronto! Eu teria de enxugar a planilha, pois seriam aproximadamente 70 dias a menos de tempo para estar apto a voltar a correr uma mara, após quase dois anos da minha terceira e última – e uns 10 quilinhos adquiridos em 2017, quando dei um tempo das corridas.

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Conforme já foi postado aqui em outras oportunidades, a minha grande missão naqueles 42K no Triângulo Mineiro seria tentar acompanhar, durante o maior tempo que eu fosse capaz, o homem que dá nome àquele evento e está prestes a completar 200 maratonas/ultramaratonas.

Isso, porém, é história para o livro-reportagem que estou produzindo no meu projeto de mestrado para a Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Pois voltemos à Floripa. Apenas seis semanas separaram a UDI 42 da Meia de Floripa. Um tempo curto demais para a recuperação de um legítimo pangaré como eu. E o cenário ficou ainda mais nebuloso porque passei estes pouco mais de 40 dias totalmente afastado dos treinos. Concentração total no livro sobre o Nilson, que irá se chamar No caminho eu conto.

Mas eis que eu venho para a belíssima capital de Santa Catarina e amanheço num domingão com o céu limpo e os termômetros marcando agradabilíssimos 14º. O slogan da prova – que também oferecia as distâncias de 7K e 42K – diz que ela é “fria como Chicago e rápida como Berlim”.

Nunca corri no exterior, mas conheço bem a fama desses eventos e, de fato, eu estava com bastante frio.

Será que daria para arriscar buscar aquele tempo de 1:41:03, que fiz em Brasília, em novembro de 2016 e, desde então, é meu recorde na meia?

Na dúvida, resolvi arriscar. Decidi correr a pace de 4’45”. Se conseguisse mantê-lo à risca, cruzaria a linha de chegada em pouco mais de 1:40 e baixaria em um minuto meu “RP”.

O plano, porém, durou apenas até o 12K – fechados em exatamente 57:22. A partir dali as pernas começaram a pedir arrego e fui obrigado a humildemente reduzir progressivamente o pace, chegando ao absurdo de fazer o penúltimo quilômetro em 6’04”.

Naquela altura do campeonato, eu estava muito mais preocupado em fazer poses diferentes para a multidão de fotógrafos que registravam o evento. Fechei o percurso em 1:48:51, tempinho fraco, mas honesto. E com uma velocidade média melhor do que a de 91% dos demais corredores, segundo o resultado oficial informado pelo organizador do evento.

Falando nisso, faço questão de registrar aqui a minha recomendação. Mas não espere dos “manezinhos da ilha” o mesmo calor humano que os “cariocas da gema” oferecem a quem participa da meia e da mara do Rio.

Enquanto por lá boa parte do percurso – sobretudo a partir de Ipanema – conta com aplausos e palavras de incentivo vindo das calçadas, aqui contei nos dedos a quantidade de pessoas que animaram sair de casa para fazer o mesmo.

Como uma senhora, na altura do 8K, que levou seus três netos para ver o estranho estilo de vida que nós, corredores, exibíamos ali.

Fora isso, o percurso é lindo, com grau de dificuldade mínimo e uma estrutura de apoio muito bem montada. Foi a primeira meia maratona de que participei que oferecia dois pontos de hidratação com isotônico e cujas medalhas foram entregues acondicionadas dentro de um saquinho plástico lacrado.

Enfim, vou sair de Floripa com a certeza de que quero voltar a correr esta prova em outras ocasiões, devidamente preparado – quiçá, arriscando os 42K pelo menos uma vez.

Ah! Também pretendo correr em Chicago e Berlim para me certificar da veracidade do slogan.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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