Domingo tem Comrades com 240 brasileiros

Paulo Vieira

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PARA QUASE 240 BRASILEIROS, A GRANDE CORRIDA de domingo é um pouquinho mais longa que um longão daqueles graúdos. Tem o triplo do tamanho.

Só noventinha, 90K.

Ela se chama Comrades, e acontece todo ano, há quase 100, entre Durban, a capital indiana da África do Sul, e uma outra cidade de nome impronunciável, não vou tentar aqui.

De longe, a ultra mais famosa e badalada do mundo.

Um ano parte de Durban, no ano seguinte chega a Durban. Dois mil e dezoito é esse ano seguinte: domingo a tigrada parte da cidade de nome impronunciável e encerra a prova em Durban.

A COMRADES VERDE-AMARELA

SATIE KIMURA BELISCA A COMRADES

O número de participantes brasileiros tem aumentado ano a ano, e nesta edição os brazucas já somos o segundo contingente estrangeiro, só atrás da Inglaterra.

Assim como a Uphill, a Comrades consegue se vender brilhantemente, criando “embaixadores” por vários países do mundo, que fidelizam grupos cada vez maiores de participantes.

À mara Nilson Lima, a UDI42, que o editor deste pasquim correu em abril, acorreu o maior vencedor da história da Comrades, o sul-africano nascido em Hong Kong Bruce Fordyce, cujo trabalho é viajar pelo mundo a dizer para uma audiência de maratonistas que correr a Comrades é a “maior experiência que você irá ter na vida”.

A palestra – ou o “meet and greet” – do parça vale as 1000 doletas mais despesas, bufunfa sem a qual não sai de casa. Bruce é bom piadista, tem timing, e ninguém se importa em ouvir as mesmas e velhas histórias que ele repete.

Como a da gravação do cacarejo que é usado como sinal de largada ou do tempo bruto que ainda hoje é usado como tempo oficial da patota– se ficar muito para trás na largada, vai perder alguns minutos.

É mais legal quando ele fala dos protestos contra o apartheid, o regime vil e estúpido que segregava os negros sul-africanos. Não podiam correr a Comrades.

Em 1981, ano de sua primeira vitória, Bruce correu com uma tarja negra simbolizando sua inconformidade com o regime, que na época celebrava 20 anos.

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De volta aos brazucas, Nilson Lima vai correr a parada, assim como a Satie Kimura, cuja ultra mais longa que enfrentou foi a Inconfidentes, de respeitáveis 54K.

Só vai ter de acrescentar 36K.

De Durban, a sista disse o seguinte a este pasquim:

“Não tenho a mínima ideia de como estou para a prova. Mas fiz o melhor que pude nos treinos preparatórios. Vou tentar concluir sem dúvida.”

Nesses preparatórios, ela chegou a rodar 60K direto. Fez também um seccionado, de 40K + 25K. Haja cabeça: ficou dando voltas no entorno do Ibirapuera e da USP, entrando no parque e no campus para completar a rodagem.

A Satie é a mina do vídeo embebido abaixo. A “Suada” em questão foi concedida na SP City Marathon, que ela fez au gran complet ano passado.

Foto da home: JMK (Wiki Commons)

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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