CORRER MUITO RÁPIDO, no esforço máximo que o matuto pode sustentar, bastante longe da tal zona de conforto, é algo que jamais prescrevi ao longo dos mais de (atenção!) 1 000 posts deste pasquim.
A premissa aqui é o prazer, e mesmo se jogando nos 42K da maratona e em pirambeiras nada amigas, esse segue sendo nosso norte magnético.
A alegria é a prova dos 9, como gosta de lembrar nosso querido Investigador Vicente Vilardaga. Se este JQC estivesse para se formar, chamaria para paraninfo o Zé Celso ou a Rita Cadillac.
Posto isso, preciso dizer que foi do Grande Carvalho participar do evento Asics Real Pace, que a marca esportiva japonesa promoveu junto com as cinco assessorias esportivas paulistanas que apoia, anteontem, no Cepê, da USP.
Dois dos melhores maratonistas profissionais brasileiros, Solonei Silva e Adriana Aparecida da Silva, ambos atletas apoiados pela Asics, comandaram corridas com os amadores das assessorias Pacefit, Saúde e Performance, Adriano Bastos, Quark e Personal Life.
Foram 12K, 30 voltas na pista olímpica do Cepê. Adriana, recordista sul-americana da maratona com 2:29:17, partiu antes com as mulheres. Seu pace inicial era bem suave, mas ela foi aumentando ao longo da hora em que durou o 12K. De qualquer forma, sempre rodou muito abaixo do que pode, que é algo como 3:32 – cerca de 17km/h.
Pela regra da competição, quem tomasse uma volta da Adriana (e, depois, do Solonei), estaria desclassificado. Era preciso seguir bem próximo deles para não ser gongado e chegar ao final dos 12K.
Com Solonei o negócio foi mais pesado. Com seu recorde na maratona com 2:11:32 – pace 3:07 –, ele partiu judiando de pangarés como eu, virando já no primeiro K a um pace de 4:30.
Quem imaginava que os primeiros quinze minutos seriam de aquecimento, de trote “paquera” (eu!), enganou-se bonito.
Por volta dos 29 ou 30 minutos de corrida, vi que estava para tomar a volta de desclassificação. Em vez de lutar contra as evidências, peguei a direita, dei a preferência e deixei a locomotiva passar.
Ato contínuo, o fiscal de pista pediu para riscar meu número de peito – 157, a propósito.
Solonei bateu seu recorde pessoal em 2011 com uma velocidade média de 19,25km/h. Se muito, no meu melhor momento no sábado, corri a 14-15km/h, o que mesmo assim não evitou que eu pedisse água e deixasse a pista com mais três ou quatro voltas (1,2 a 1,6K) após a desclassificação.
Mesmo tendo feito menos de 7K, 55% do que havia programado, saí felicíssimo do pitch. Devagar se vai ao longe, diz o ditado, mas a endorfina vem mais rápida e abundante para quem entra com os quatro pés na intensidade.
Lembre-se disso na hora em que você decidir cabular mais um treino de tiro.