Correndo bem rápido com os mais rápidos do Brasil

Paulo Vieira

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CORRER MUITO RÁPIDO, no esforço máximo que o matuto pode sustentar, bastante longe da tal zona de conforto, é algo que jamais prescrevi ao longo dos mais de (atenção!) 1 000 posts deste pasquim.

A premissa aqui é o prazer, e mesmo se jogando nos 42K da maratona e em pirambeiras nada amigas, esse segue sendo nosso norte magnético.

A alegria é a prova dos 9, como gosta de lembrar nosso querido Investigador Vicente Vilardaga. Se este JQC estivesse para se formar, chamaria para paraninfo o Zé Celso ou a Rita Cadillac.

Posto isso, preciso dizer que foi do Grande Carvalho participar do evento Asics Real Pace, que a marca esportiva japonesa promoveu junto com as cinco assessorias esportivas paulistanas que apoia, anteontem, no Cepê, da USP.

Dois dos melhores maratonistas profissionais brasileiros, Solonei Silva e Adriana Aparecida da Silva, ambos atletas apoiados pela Asics, comandaram corridas com os amadores das assessorias Pacefit, Saúde e Performance, Adriano Bastos, Quark e Personal Life.

Foram 12K, 30 voltas na pista olímpica do Cepê. Adriana, recordista sul-americana da maratona com 2:29:17, partiu antes com as mulheres. Seu pace inicial era bem suave, mas ela foi aumentando ao longo da hora em que durou o 12K. De qualquer forma, sempre rodou muito abaixo do que pode, que é algo como 3:32 – cerca de 17km/h.

 

A chegada da Adriana Aparecida, que pegou leve com as garotas no #asicsrealpace

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Pela regra da competição, quem tomasse uma volta da Adriana (e, depois, do Solonei), estaria desclassificado. Era preciso seguir bem próximo deles para não ser gongado e chegar ao final dos 12K.

Com Solonei o negócio foi mais pesado. Com seu recorde na maratona com 2:11:32 – pace 3:07 –, ele partiu judiando de pangarés como eu, virando já no primeiro K a um pace de 4:30.

Quem imaginava que os primeiros quinze minutos seriam de aquecimento, de trote “paquera” (eu!), enganou-se bonito.

Por volta dos 29 ou 30 minutos de corrida, vi que estava para tomar a volta de desclassificação. Em vez de lutar contra as evidências, peguei a direita, dei a preferência e deixei a locomotiva passar.

Ato contínuo, o fiscal de pista pediu para riscar meu número de peito – 157, a propósito.

O sprint final da Locomotiva
O sprint final da Locomotiva

Solonei bateu seu recorde pessoal em 2011 com uma velocidade média de 19,25km/h. Se muito, no meu melhor momento no sábado, corri a 14-15km/h, o que mesmo assim não evitou que eu pedisse água e deixasse a pista com mais três ou quatro voltas  (1,2 a 1,6K) após a desclassificação.

Mesmo tendo feito menos de 7K, 55% do que havia programado, saí felicíssimo do pitch. Devagar se vai ao longe, diz o ditado, mas a endorfina vem mais rápida e abundante para quem entra com os quatro pés na intensidade.

Lembre-se disso na hora em que você decidir cabular mais um treino de tiro.

 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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