Luíz Antônio dos Santos, bicampeão da mara de Chicago, fala ao JQC

Paulo Vieira

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O BRASIL SE DESACOSTUMOU A VER seus maratonistas no primeiro lugar das grandes competições do circuito. Vanderlei Cordeiro de Lima, que possivelmente levaria o ouro olímpico em Atenas, em 2004, é a última estrela de um conjunto que, se não formou uma constelação, chegou a ser bem mais brilhante.

Ronaldo da Costa venceu Berlim em 1998 e ficou famoso pelas duas estrelas que deu logo depois de cruzar, um tanto surpreso, a fita de chegada. Não só por isso: com aquele 2:06:05, o atleta mineiro quebrou o recorde mundial da mara, que já durava dez anos.

Em Chicago, antes disso, o Brasil botou banca.

Joseildo Rocha, em 1991, com 2:14:33, e José Cesar de Souza, no ano seguinte, com 2:16:14, iniciaram uma (meia) década de “brazilian storm” na Windy City.

Arrematada por Luíz Antônio dos Santos, que venceu as duas edições seguintes. Em 1993, por falar em storm, correu sob neve e fechou a prova em 2:13:14. Diversos atletas naquela edição abandonaram por hipotermia, vai vendo.

Em 1994, sob condições climáticas bem melhores, venceu com 2:11:16.

Seu personal best nos 42K viria quatro anos depois, mas em Roterdã: 2:08:55.

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A prova da Windy City faz 40 anos neste domingo e tem fãs ardorosos por conta de sua organização, percurso, feira e animação nas ruas. Numa série espetacular para a Runner’s World, quando ainda publicada pela Editora Arvorezinha, os parças Iberê Dias e Treinador Sergio Xavier comentaram dos predicados das maras de Chicago e Berlim. Sobre Chicago, dizia Iberê na reportagem: “Chicago é aquele planinho passado a ferro. Ideal para bater recordes pessoais”.

IBERÊ DIAS: A MARATONA É CRETINICE FISIOLÓGICA

ENTREVISTAS SEMINAIS: SERGIO XAVIER

A Chicago, portanto, o que é de Chicago. Este JQC falou com o fluminense Luíz Antônio dos Santos, bicampeão da prova, que hoje dirige a equipe de atletismo Luasa Sports, por ele fundada em Taubaté. Ele relembra suas vitórias, comenta as perspectivas do atletismo brasileiro e dá dicas para os amadores que correm este domingo nos 40 anos da prova.

O maior campeão brasileiro de Chicago
O maior campeão brasileiro de Chicago
1994, A VITÓRIA MAIS ESPECIAL

Quando voltei a Chicago para defender o título, não era considerado favorito. Era o queniano Cosmas Ndeti, que vinha de vitória naquele ano em Boston [foi tricampeão em Boston entre 1993 e 1995]. Nós dois passamos juntos no mesmo pelotão pela marca da meia maratona, então eu acelerei para buscar o coelho no 25K. A partir daí segui sozinho, devem ter achado que eu ia quebrar, foi formidável.  

ESTRATÉGIA PARA AMADORES

Quem é amador, que corre digamos para 3:15, 3:20, tem de sair com cautela e não fazer nada diferente daquilo que trabalhou. O clima lá varia muito, então tem de deixar para ver o que acontece no 37K. Se o corredor estiver bem, então cresce, vai para cima. Sugiro correr em split positivo [fazer os primeiros 21K em ritmo mais forte] e sentir como está no 37K, mas sempre pensando em chegar inteiro.

O BRASIL NAS MARATONAS

É muito difícil hoje um atleta ficar dois ou três meses só treinando visando disputar uma maratona. É diferente da minha época, que dava para fazer isso jogando umas duas provas no meio. Hoje tem competição todo fim de semana, e os atletas participam delas para tentar buscar a premiação.

A EQUIPE LUASA SPORTS

Começamos em Taubaté em 2007, hoje estamos com de 60 a 70 atletas federados. Participamos de provas para ficar entre os três primeiros lugares. Vamos para uma competição sub 23 em Porto Alegre com 12 atletas que têm condição de fazer pódium.

Um dos nossos destaques está no feminino, a Maria Ferraz, que venceu nos 5 000 metros do Troféu Brasil, em junho.

A GRANA

Tenho um parceria com a Caixa e a prefeitura de Taubaté, que garante o almoço dos atletas, mas há épocas em que a renovação demora e tenho de manter a estrutura na raça. Por dez meses tive de esperar o contrato com a Caixa, e não podia, nesse intervalo, parar com tudo.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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