A mara de SP, de boas e perrengues

Paulo Vieira

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SE O MELHOR DA FESTA É ESPERAR por ela, a Mara de São Paulo, a organizada pela Yescom, que chega neste domingo à sua 23a. edição, vai ser um evento difícil de deixar de perder.

A expectativa por ela, às vésperas da corrida, está no mesmo nível do jogo de “volta” de São Paulo e Linense.

Só se fala de outra coisa.

Com o advento da City Marathon, a nova maratona de São Paulo organizada pela Iguana Sports, cujo itinerário é bem mais pitoresco, o que já era frio – esta mara da Yescom – ficou gelado.

A data mais uma vez mudou. Ano passado foi no dia 24 de abril, mas outono no século 21 = verão temporão. Devia fazer 28 graus às 7 da manhã, no horário da largada. A mínima para o próximo domingo, segundo a Climatempo, é de 22 graus.

Quem corre os 42K para mais de 4 horas pode esperar sair de lá com sol de 29 graus na moleira.

Mas há uma novidade! O itinerário se manteve igual pelo terceiro ano consecutivo. E ele tem passagens por áreas bastante arborizadas, notadamente no Alto de Pinheiros e dentro da USP. Para quem não conhece bem Sampa, destrinchamos o melhor e o pior do circuito.

saopaulos

DE BOAS

Chegada e largada no mesmo ponto, no Obelisco do Ibirapuera. Nova York, Boston, Londres: aprendam com a gente.

Sequência estimulante de 4K entre o Parque do Povo Wasp, no 6K, Jóquei e Ponte da Cidade Universitária. A volta pelo mesmo Jóquei, no 36K, contudo, não lhe parecerá tão divertida.

Um quinto da prova, oito quilômetros dela, ocorre dentro do campus da USP, um dos locais mais arborizados da cidade. Refresco para os olhos é a raia olímpica e suas capivaras que não param de se reproduzir do lado direito dos corredores, entre o 21K e o 23K.

DEU RUIM

Chegada e largada no mesmo ponto, no Obelisco do Ibirapuera, local de acesso beem complicado, a pelo menos 3K da estação de metrô mais próxima.

A dificuldade da subida do “Cavalo”, nome que se dá à estátua equestre que homenageia o arquiteto Ramos de Azevedo dentro do campus da USP. Não lembra em nada a famosa Subida da Biologia, na mesma USP, mas são 300 metros bem chatinhos para quem já está deixando os bofes sob aquela lua aos 28K.

Constantes idas e voltas por uma mesma avenida. A pior delas, visualmente falando, é a Escola Politécnica, onde há que se percorrer 4K. Um fábrica fumarenta de produtos alimentícios dá o tom “3 apitos”.

Túneis. Cerca de 1K, já no final da prova, entre o 37K e o 38K, sob o rio Pinheiros. Eis, fique já sabendo, uma das obras geniais do planejamento urbano paulistano, já que ônibus e outras formas de transporte coletivo não entram ali.

Como se fosse pouco, há ainda a passagem sob a avenida Santo Amaro, mais um tunelzinho que te obriga a descer e subir quando as pernas já pedem clemência, perto do 40K.

Ausência total de sightseeings. Exceto os parques lindeiros (Ibirapuera, do Povo Wasp e Vibra-Bollos) e as próprias avenidas arborizadas do itinerário, não há nada digno de nota nas avenidas República do Líbano, JK (o Eataly conta?), Lineu de Paula Machado, Pedroso de Morais e Fonseca Rodrigues.

No máximo, as casas dos bem de vida, maioria absoluta no itinerário, fazem pensar que São Paulo é algo assim como Hamptons.

Em 2014, esta Mara paulistana seguia por bons K pela Marginal Pinheiros para fazer um retorno na ponte Estaiada, o  novo e duvidoso cartão postal da Pauliceia.

Agora, como feature turístico, dá para se contentar com a menor estátua de Cristóvão Colombo de que se tem notícia do mundo. Fica na praça Panamericana. Você passa por ali no 11K e no 19K.

Se você for dessa escola, tire uma selfie com o pequeno grande navegador ao fundo.

PS – Se quiser fazer um trotinho ou algo menos pastoril com o editor e demais amigos deste pasquim para se preparar para a Mara, fineza emitir um sinal de fumaça ou, mais fácil, deixar um comentário na caixa apropriada. O prazer é nosso.

A MARATONA DE SÃO PAULO KM A KM – EDIÇÃO 2016

MINHA SEGUNDA MARATONA – 12 GRAUS A MAIS, 12 MINUTOS A MENOS

MINHA PRIMEIRA MARATONA, VIVACE

MINHA PRIMEIRA MARATONA, ANDANTE MODERATO

OS MARATONISTAS SUB 6H DA OUTRA MARA DE SÃO PAULO

A (MEIA) MARA DE NYC – I DID IT MY WAY

COMO NÃO CORRER A MARA DE NYC, POR GESU BAMBINO

A MARA DO RIO KM A KM

E abaixo, como bônus track, um vídeo curtinho em que eu pedia ajuda ao digníssimo internauta para escolher o tênis com o qual eu iria correr a Mara de SP de 2015.

Numa eleição cujo resultado foi tão misterioso quanto o rebaixamento da Portuguesa, ganhou um minimalista, claro.


 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

Um Comentários

  1. Avatar
    Fabio Ruiz

    Eita, Paulo! ótimo texto. Vou para a 6ª participação nessa ‘mara’, ri em vários parágrafos, me identifiquei, é uma prova q uso p treino, nada atrativa no percurso. Abraços.

    Responder

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