A maratona mais linda do mundo

Paulo Vieira

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OS ATÉ NÃO TÃO UFANISTAS VÃO DIZER QUE É A DO RIO, e, de fato, correr dentro do túnel do Joá, pela avenida Niemeyer, encontrar o Cristo e (desgraçadamente) jamais perder de vista o Pão de Açúcar são atrações galáticas, mas para quem é brasileiro a maratona mais linda do mundo pode estar a oceanos de distância.

É que, como se sabe, se há um fetiche maior do que correr uma maratona, ele é viajar (mesmo apertado na classe econômica, fazer o quê) para correr uma maratona.

Fazer “maraturismo” é o fetiche dos fetiches. Tanto que no Códice de Fetiches da Sociedade Norte-americana de Psicanálise, ele está no primeiro grupo hierárquico, junto com aqueles temas explorados nos filmes do David Cronemberg e do Lars von Trier.

(Parêntese: maraturismo é uma justaposição de palavras tão bizarra que deveria vir necessariamente acompanhada por outra da mesma classe. Tipo: “Vou a Paris fazer maraturismo com meu namorido”).

Portanto, é de Paris, Amsterdã, Nova York, Berlim, Big Sur (Califórnia), Muralha da China, Roma, Cidade do Cabo que se trata.

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PARIS (9 de abril) –  Covardia total. Largada e chegada próximos do Arco do Triunfo (embora nunca embaixo dele), passagens junto ao Sena, à Bastilha, ao Louvre, ao Orsay, à Notre Dame, ao Grand Palais. Esqueci algo? Sim: nada menos do que 17K dos 42K da prova no meio dos dois grandes parques da capital francesa, o Bois de Vincennes e o Bois de Boulogne, onde, aliás, você passa os últimos 9K da prova. Tem como não concluir?

Donc, uma maratona duríssima
Donc, uma maratona duríssima/Foto: Wikimedia Commons

NOVA YORK (5 de novembro) – A maratona envolve a cidade, por isso é obrigatório que passe por seus cinco distritos. Eis a razão de você ter de acordar de madrugada para rumar para aquele fim de mundo aonde ninguém vai de Staten Island. A largada é ali, na ponte, para constar.  Depois são 12K pelo Brooklyn (sempre pela 4th Avenue) até o Downtown Brooklyn; depois uns 3K, 4K por Williamsburg (barbas ainda pegam bem por aqui) e, sempre seguindo rumo norte, pelo Queens.

No 24K, pela Queensboro Bridge (59th St), os maratonistas finalmente entram em Manhattan, e seguem rumo norte até o Bronx, onde mal passam 2K. Retorno pelo Harlem – com sorte dá para se energizar com o gospel dos cultos dominicais. Os últimos 6K da corrida são luxo só, dentro do Central Park.

AMSTERDÃ (15 de outubro) – Um itinerário lancinante, com canais, parques e, como se não bastasse, uma volta dentro do Estádio Olímpico, na chegada. É lá também a largada, e logo no 2K o caminho passa por 1K pelo Vondelpark. No meio do percurso são 11K pelas margens do rio Amstel. A cada 100 metros, mais ou menos, há uma ponte. Doideira.

LONDRES (23 de abril) – Largada no fundão da Zona Leste, em Greenwich. Metade da prova, até o 20K pelo outro lado do Tâmisa – a travessia é, claro, na Tower Bridge, onde fica a famosa Torre de Londres. Cuidado com os fantasmas dos infelizes que lá dormitam. Uma vez do outro lado do rio, curiosamente, em vez de rumar para oeste, direção Westminster e Catedral de St. Paul, mais uma incursão a leste, pelas quebradas de Poplar e pelas Docklands.

A Londres mais turística só aparece mesmo nos últimos 7K. A chegada é em grande estilo, no The Mall, nos portões do palácio de Buckingham.

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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