EM TEMPOS DE DESEMPREGO, reforma trabalhista neles. Em tempos de déficit fiscal, reforma previdenciária, claro, mas desde que preservemos os privilégios das categorias de praxe.
Eliminar estabilidade perpétua e incorporações abusivas – triênios, quadriênios, auxílios-moradia milionários – essas coisas que executivo, legislativo e judiciário alegremente incorporam aos próprios salários, além das aposentadorias com oito anos de serviço, isso a gente vê depois.
Resumo da ópera é que a tigrada segue a se virar, e esse libelo xarope serve como música incidental histérica para eu apresentar um produto que a marca Life Fitness, do portfólio da multinacional de equipamentos de ginástica Brunswick, acaba de colocar no mercado brasileiro.
Trata-se da Treadmill Desk, uma esteira com um prateleira na altura da cintura. Já que agora você talvez precise trabalhar umas 14 horas por dia, não há mais razão para deixar de malhar enquanto corre atrás do uísque das crianças.
Tudo bem, não é bem isso. A ideia é que os ambientes de trabalho precisam ser mais saudáveis, e a Life Fitness quer surfar na onda.
Há na prateleira espaço suficiente para acomodar um notebook, o porta-retrato com a foto dos filhos, um vasinho de flor e talvez uma impressora. Há duas portas USB, três entradas elétricas (na foto enviada a este pasquim as entradas eram do modelo americano, vai ser preciso um adaptador) e uma porta, ao que parece, para internet discada.
Um discreto relógio mostra tempo, distância, pace e inclinação. O produto custa R$ 24 mil (nos Estados Unidos, metade: US$ 4 600).
Vai ficar um pouco mais difícil usar a velha desculpa da falta de tempo para a atividade física.
Faltou só um mecanismo para transformar a energia cinética gerada pelo esforço em luz, eletricidade ou outras coisas do tipo – até mesmo para ligar a própria esteira.
A ESTEIRA SEM MOTOR
A ESTEIRA QUE É BICICLETA (OU VICE-VERSA)
PROTAGONISTA DA PRÓPRIA HISTÓRIA
CORRIDA SEM IMPACTO
CORRER EM ESTEIRA VALE?
DESCULPAS INFALÍVEIS PARA NÃO CORRER
No comunicado de divulgação do produto, a empresa diz ter feito testes com o equipamento por um ano. As cobaias foram funcionários próprios e de empresas parceiras. Números servem para qualquer coisa, mas vamos lá.
“88% dos colaboradores relataram ter aumentado sua produtividade e 69% deles tiveram uma redução em dores e desconfortos que sentiam”, diz Pedro Goyn, diretor geral da Life Fitness no Brasil.
