Carro x bicicleta x caminhada x ônibus

Paulo Vieira

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TODO ANO OCORRE EM SÃO PAULO UM EVENTO chamado Desafio Intermodal. Pessoas cumprem um mesmo trajeto em diversos “modais” de transporte com o fito de determinar qual deles é o mais eficiente: carro, moto, bicicleta, caminhada, skate, patins, corrida, ônibus.

Vale também combinar modais, como bicicleta ou corrida e transporte público, por exemplo.

Este ano, a parada ocorre quinta-feira, às 5 da tarde, partindo de uma praça na Berrini, no Brooklin, e chegando até o prédio da Prefeitura, no Viaduto do Chá, um itinerário de 10K.

SAMPA SEM CARRO

A CORRIDA COMO MODAL DE TRANSPORTE

BIKE X CARROS X MOTOS

ATIVIDADE FÍSICA PARA CIDADES POLUÍDAS

CARRO, O VILÃO

VERMELHO X LARANJA: TESTAMOS O SISTEMA DE COMPARTILHAMENTO PÚBLICO DE BIKES EM SP

O desafio sempre ocorre na hora do rush da volta do trabalho, e a bicicleta tem se saído amplamente vitoriosa. Das dez edições já realizadas, ganhou sete. Moto e helicóptero também já levantaram o caneco.

Mas não basta chegar na frente para ganhar. Como se trata de um desafio de eficiência, os competidores que utilizarem modais de propulsão humana ganham pontos de bonificação.

Distopia
Distopia

Carro é o grande azarão aqui. Segundo os organizadores do Desafio, o Instituto CicloBR, “ele tem sido inconstante, denunciando que é muito sensível às variações no ambiente – condições climáticas, problemas nas vias etc.”

Curioso é que, se você prestar atenção nas falas dos candidatos a prefeito de São Paulo, a impressão que se tem é que todos os 10 milhões de habitantes da cidade são motoristas de carro.

As palavras e expressões mais repetidas pelos aspirantes à cadeira do Fernando Radard são: multa, indústria das multas, radar, Marginal, aumento de velocidade, recurso (de multa), inspeção veicular etc.

Ricardo Bruns, que ganhou de bike o último desafio/Foto: Antonio Miotto
Ricardo Bruns, que ganhou de bike o desafio de 2014/Foto: Antonio Miotto

Uma agenda completamente parcial e ultrapassada, como se a poluição atmosférica não tivesse nada a ver com os carros, a queda do número de acidentes na gestão Haddad fosse indesejável e que, pior, a principal prioridade dos paulistanos fosse andar de automóvel.

Nada mais longe da verdade.

Na quinta, durante o evento, a equipe do pneumologista da USP Paulo Saldiva medirá quanto se inala de poluentes por parte dos competidores.

Este pasquim quer deixar claro que apoia sem mais aquela o incremento do transporte coletivo e não poluente na cidade e é favorável desde criancinha à taxação do uso do carro (criando, por exemplo, taxas de circulação como a de Londres, algo que nenhum político por essas plagas tem coragem de adotar).

E também lastima que a campanha à prefeitura de São Paulo reedite uma agenda tão tristemente conservadora.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

2 Comentários

  1. Avatar
    Ricardo Bruns

    Olá Paulo. Apenas para sugerir uma errata: a foto do vendedor da matéria é do Desafio Intermodal de 2014. O vendedor da edição 2015 foi o ciclista Marcelo Florentino Soares (que também venceu a edição deste ano. Obrigado e parabéns pela matéria.

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    • Paulo Vieira
      Paulo Vieira

      Obrigado, Ricardo. Corrigirei a legenda. Grande abraço.

      Responder

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