Ganhe músculos sem fazer (muito) esforço

Paulo Vieira

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O designer pernambucano Gilvan Felisberto começou a trabalhar na redação da revista Viagem e Turismo em meados dos anos 2000. Em 2013, foi degolado junto comigo e mais uns 70 outros num dos dois grandes passaralhos daquele ano glorioso na história da Editora Abril.

O que se revelou bom para ambos e muitos outros tantos, mas tergiverso. Alguns meses depois de sua chegada, sem maior alarde, sua massa muscular havia dobrado – ou triplicado. Gil virou nosso Hulk.

Possível imagem do Houdini de Gilvan e outros bombados
Possível imagem do Houdini de Gilvan e outros bombados

(Com os músculos do Gil daquele tamanho, me ocorre agora, deveríamos ter começado a mexer com os jornalistas das redações maiores, indicando-lhes, com um gesto, os braços do nosso Mister Universo. Tipo em encontros fortuitos no elevador. Seria fácil depois disso, por exemplo, descolar para o nosso núcleo AUTOMÓVEL-ESTILO-ESPORTE-JOVEM-TURISMO-SEXO, que compreendia cerca de 170 publicações, uma, duas, três das trocentas câmeras de vídeo que a Veja online mantinha em completa ociosidade em algum lugar de seu latifúndio.)

Gil, ou Gal, ou Índio, como às vezes eu o chamava, jamais revelou quem era seu Houdini e qual foi a técnica empregada para bombar os bíceps em tão pouco tempo. Consta que apenas Touro Indomável, sob juras de sigilo absoluto, teve acesso ao ilusionista.

PROTAGONISTA DA PRÓPRIA HISTÓRIA

A ESPANTOSA HISTÓRIA DE TOURO INDOMÁVEL

TOURO BEIJA A LONA

A MORTE E A MORTE DE TOURO INDOMÁVEL

Touro buscava desesperadamente conter a força da gravidade que atuava sobre seu couro cabeludo, mas teve de se resignar quando ouviu do Yoda dos sarados que essa não era nem de longe sua especialidade.

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Embora Gil até hoje mantenha segredo sobre o método que empregou, o JQC, num esforço de reportagem, ou melhor, de copidescagem, apresenta aqui outra metodologia que pode levar a resultados semelhantes aos obtidos por nosso heroi.

Ele não é novo, mas no momento presente vem sendo pesquisado seriamente pela academia – não a de ginástica do bairro, mas a Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP.

A base de tudo é a hipóxia, a diminuição do fluxo de oxigênio para o grupo muscular a ser exercitado, algo que ocorre com frequência quando se aumenta a intensidade ou a carga da musculação.

A chamada “oclusão vascular” provoca estresse metabólico, responsável pelo desenvolvimento muscular. Nada que o pessoal do Kaatsu Training não saiba de velho.

A coisa é mesmo digna de Houdini. Em vez de aumentar o peso do ferro, basta amarrar um torniquete ou um manguito no braço. A pesquisadora Natalia Ribeiro da Silva, colaboradora do projeto, com quem o JQC falou esta manhã por telefone, diz que “os resultados aparecem rapidamente”.

Ao Jornal da USP, ela também disse que eles “são muito semelhantes aos de um treino tradicional de grande intensidade”.

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Mas o melhor vem agora: se você é homem, tem entre 18 e 35 anos e não realizou nenhum treino de musculação nos últimos seis meses, pode se submeter a esse treinamento como voluntário da pesquisa da EEFE. Basta enviar e-mail para o coordenador do trabalho, o mestrando Emerson Teixeira, pelo emerson_teixeira2014@usp.br. Segundo Natalia, restam cerca de 40 vagas. Tudo de grátis.

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Só tem uma coisa: pra chegar no nível do Gil, você vai precisar amarrar muito torniquete.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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