A proteína do leite em questão

Paulo Vieira

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Eu gostaria de escrever algo sobre David Bowie, mas diante da avalassadora cobertura dos jornais ingleses, recolho meu rabo com sabujice canina. Ganha o leitor que for ao Guardian e ao Independent – talvez o Bowie, a propósito, preferisse ler o conservador Times quando voltava a Londres.

Outro dia reparto com vocês a experiência de ouvir repetidamente Diamond Dogs enquanto passeava de bicicleta por Avanca, Ovar e Válega, aldeias portuguesas da ria de Aveiro, onde nasceram minha mãe, tia e avó.

Então volto agora à ideia inicial. Sábado passado, ao final de um 15K na USP que passou voando – estava atipicamente na companhia de um colega de pace similar –, parei para filar um copo de água amigo na tenda da assessoria esportiva MPR.

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Calhou de o colega de pace ser Fessô SX, comentarista esportivo e treinador de maratonistas de pouca ambição, homem que escreveu três livros sobre o universo da corrida de rua.

Na tenda, os sujeitos estacionados o conheciam, e mal o viram desataram a contar causos de colegas obcecados por baixar seus tempos de corrida, algo central na trama do primeiro livro de SX, Operação Portuga.

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DOSSIÊ DA PROTEÍNA

Tudo para dizer que três ou quatro desses sujeitos balançavam mecanicamente com uma das mãos um recipiente de plástico contendo um líquido esbranquiçado, aquilo que supus ser a tal da proteína do leite, o whey, do qual devem ser devotos.

O whey é muito querido entre certos corredores e levantadores de ferro, supostamente por ajudar na recomposição das fibras musculares.

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Curiosamente, a BBC havia acabado de divulgar o resultado de uma pesquisa liderada por Stuart Gray, da Universidade de Glasgow, que foi conduzida pela própria estatal britânica para o programa Trust me, I’m a doctor, sobre os benefícios da proteína do leite.

TRUST ME, I’M A DOCTOR

Vinte e quatro voluntários participaram de um programa de oito semanas de malhação (levantamento de peso). Após as sessões, metade do grupo tomava whey, metade, placebo.

Ao final das oito semanas, houve os seguintes ganhos:

  • A capacidade de levantamento aumentou 33%
  • A força nos joelhos aumentou 31%
  • A massa magra aumentou 1%
  • A musculatura das coxas aumentou 4%

Mas não houve diferença estatística significativa entre os que tomaram proteína e os que tomaram placebo.

Segundo a BBC, a partir da literatura médica, em cerca de quatro horas nossos corpos só podem usar entre 20 e 30 gramas de proteína. E só uma fração disso entra na reconstituição das fibras musculares.

“Qualquer proteína adicional se queimaria como energia, se acumularia como gordura ou seria expulsa por meio da urina”, pontifica a estatal.

A matéria, replicada pela BBC Brasil, está AQUI.

Nunca vi, a propósito, SX balançando aquela coisa esbranquiçada.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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