Corredores arrecadam 150 toneladas de doações para vítimas de Mariana

Julia Zanolli

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Nos primeiros dias de novembro de 2012, a cidade de Nova York se voltou contra sua própria maratona. A passagem do furação Sandy pela cidade, em 29 de outubro, inundou ruas, túneis e linhas de metrô, deixou Manhattan no escuro e milhares de pessoas desabrigadas.

Diante de tanto sofrimento, não fazia sentido mobilizar geradores, policiais e toda a infraestrutura necessária para realizar uma corrida para 50 mil pessoas. O mesmo aconteceu em Mariana (MG), depois do rompimento da barragem da mineradora Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP.

A lama tóxica contaminou o ecosistema por dezenas de anos
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A Maratona de Mariana Edição Galo Véio, primeira corrida de montanha da cidade, estava marcada para 22 de novembro, domingo próximo. Mas a solidariedade dos corredores falou mais alto. Diante da tragédia, os organizadores e participantes se apressaram em organizar um esquema para ajudar as vítimas do maior desastre ambiental do Brasil.

“A gente definiu postos de recolhimento em Belo Horizonte e fechamos com uma transportadora para trazer as doações para Mariana”, conta o ultramatonista André Luiz, mais conhecido como Zumzum. O veterinário de 30 anos é um dos organizadores da prova e coordenou a campanha de donativos. “Não temos um número exato, mas foram cerca de 150 toneladas de doações entre roupas, alimentos, água, móveis… Conseguimos 18 toneladas só de ração para os animais da região.”

Apesar do prefeito da cidade confirmar a realização da maratona, Zumzum conta que não havia clima para correr. “A cidade está num clima fúnebre, tem pessoas desaparecidas. Não fazia sentido direcionar cinco mil copos de água e 400 kg de frutas para um evento esportivo”.

Os organizadores decidiram então adiar a Maratona Galo Véio para março de 2016. Os atletas, que já haviam pago a inscrição no valor de R$ 30, puderam doar o dinheiro para a realização de uma festa de Natal solidária para as crianças de Mariana. “Cerca de 60% doaram, 25% vão manter a inscrição para março e outros 15% pediram dinheiro de volta”, afirma Zumzum.

Eles não estão mais recebendo doações pois diversas outras organizações da sociedade civil já se articularam para ajudar as vítimas. Clique aqui e veja como colaborar. Quem quiser doar para o Natal solidário pode entrar em contato com os organizadores aqui.

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Julia Zanolli

Julia Zanolli começou a correr em nome do bom jornalismo quando foi trabalhar na revista Runner’s World sem entender nada do assunto. A obrigação virou curtição, mesmo depois de sair da revista. Se livrou do carro para poder andar a pé pela cidade, mas é fã assumida de esteira. Prefere falar de comida do que de nutrição e acha que ter tempo é muito melhor do que matá-lo.

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