Do que eu falo quando eu falo de jornalismo (automotivo)

Paulo Vieira

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Antes do passaralho desta semana, uma estimativa dava conta de que o número de jornalistas do Estadão teria sido reduzido à metade entre os anos 1990 e a década atual. Deve estar em 25% agora. O movimento, claro, não se circunscreve ao Limão.

Sim, surgiram novos postos de trabalho em portais de internet, assessorias, produtoras de conteúdo etc. A “pejotização” (aqui!) e o home office (chamaram?) também avançaram a galope. Mas as velhas redações hoje lembram queijos suíços.

Quando trabalhei na Folha, nos anos 1990, havia um desejo, que parecia meio delirante, de que cada jornalista tivesse sua própria, como diziam, “estação de trabalho”; hoje delirante é imaginar que cada estação de trabalho da Folha vá ter seu próprio jornalista.

Naquelas mesas tão faltando eles
Naquelas mesas tão faltando eles

Escrevi os três parágrafos acima como uma tentativa, bastante canhestra, reconheço, de introdução ao assunto do dia. O assunto é: minha participação na imprensa automotiva.

Antes que alguém invoque com justeza Eclesiastes 1, 2, explico: acho risível que levemos a sério essas supostas especializações do jornalismo. Afinal, como bem já foi dito, somos especializados em pouco (ou nada) saber de muitos assuntos.

Renascentistas ao contrário.

Tudo ignorar e um superego não portar, eis a receita para ser um grande jornalista. Mônica Bergamo que o diga.

Reconheço a expertise de um PCG, a técnica de um Bari, mas acho que, com alguma dedicação, conseguimos entender de transmissão e eixo cardã com a mesma cátedra com que desvendamos os mistérios das operações de derivativos e as minúcias da Satiagraha.

Vocês não perguntaram, mas é mais ou menos por isso que me posiciono contra a exigência do diploma. Na verdade, já acho as faculdades de jornalismo uma excrescência, mas isso fica para outra conversa.

Mas vamos ao que interessa. O que queria mesmo era salvar do “spike”, da completa ignorância, minha participação na “imprensa automotiva”. É que, ao reler o que vou linkar abaixo, eu achei que vivia um grande momento.

Eu conto para o site Carpress durante 12 dias, como um diário, como é dirigir o Novo Uno, carro que acabava de ser lançado.

Nessas postagens, uso um heterônimo, o Paulo Crispiniano, homenagem a meus avós e bisavós paternos, que não conheci. Os posts, como disse, foram originalmente publicados no site Carpress, do jornalista L. Perez, com quem dividi muitas tardes ociosas na adolescência jogando três-dentro-três-fora no barrão do Piritubão, no caminho do Pico.

A arquitetura do site é meio estranha, é preciso ir rolando para baixo os vários dias do teste. Eu estou lá embaixo, entre o primeiro e o 12º dia desse teste do Novo Uno (é esse o link, tá?).

Recomendo vivamente, para usar a expressão de meu vizinho Jefão, o 9º dia, quando faço imprecações contra o Pasquale – ih, será que usei a regência nominal correta?

Pasquale merece.

Leia também: Do que eu falo quando eu não falo com o Murakami – Série em três capítulos

Do que falamos quando falamos de corrida 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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