O homem de Itu

Paulo Vieira

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Não tenho um iPhone. Nem mesmo um smartphone coreano. Tampouco um celular. Mas tenho um relógio que marca o pace quando o GPS não dá pau, o que infelizmente acontece toda hora. Ontem ele funcionou.

Por isso, o post que eu queria ilustrado, cheio de “pics”da cidade, vai à seco mesmo. Mas acho que você não perde muito.

Era para ser sábado, mas uma invulgar ressaca na sexta me preservou do cascalho no dia oficial do longão e jogou sanguenozóio no domingo.

Não jogou sanguenozóio nenhum e, pqp, escrever sanguenozóio não dá.

Sanguenozóio é o cacete. Até porque se eu disser que meu pace foi de 5’07”, ainda que em split negativo, nego sanguenozóio vai rir da minha cara.

Eu só queria fazer uma “rodagem” digna de nota no fim de semana, e encontrei condições razoáveis para isso. Só estava 23 graus em São Paulo às 8h30 da manhã.

Não voltei ao Pico do Jaraguá, como planejava, pois não tinha três horas à disposição.

Então fiz umas evoluções pela Lapa de Baixo e seus galpões fabris e de lá parti para o Centro.

Ontem meu recorrido até lembrou este itinerário, mas desta vez foram apenas 20K.

Não corri no meio das linhas de trem da CPTM, mas atravessei uma passarela que jamais havia atravessado, da William Speers direto para o Poupatempo da Vila Romana.

E rasgar um novo beco, rua ou passarela é sempre o que mais me excita numa corrida. Se todas as provas tivessem itinerários mutantes, imprevisíveis, creio que minha performance seria melhor.

Não sofreria da tal da síndrome da linha de chegada.

Depois da Lapa, vieram os baixos da Pompéia, o Memorial e o Minhocão.

Iria voltar pelo mesmo Elevado Costa e Silva, mas aí deixei que o inesperado fizesse uma surpresa e caí na ciclofaixa da Consolação, completamente ociosa àquela hora, e segui até o Centrão.

No Municipal, fui fazer um fartlek em meio às barras de ferro que apartam os carros da calçada e me dei mal: num dos ziguezagues meti a coxa esquerda no ferro – está doendo até hoje.

A dor na coxa não impediu que eu corresse mais 7K, e chegasse ao Bairro Siciliano, pertinho de casa.

Talvez desse para rodar mais se eu colocasse, ao longo desses 20K, uma gota de água na boca. Não fiz isso. Não segui uma estratégia de hidratação muito recomendável; e também não levei o Sistema Cantareira de braço comigo.

Mas vi a faixa em diagonal do prefeito na Ipiranga com a São João, passei rasgando pelos craqueiros na rua dos Gusmões e o domingo nasceu mais feliz.

Fazia tempo que eu não descrevia uma corrida particular sem qualquer pretensão. Deve ser a chuva que está caindo agora. Quis voltar ao espírito pau de selfie, ou belfie, da internet.

Que é exclusivamente falar de si próprio.  Como se alguém merecesse.

Tá bom, tem um sentido maior codificado aí.  Aguardemos.

Uma dica: o homem de Itu.

 

 

 

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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