A vida depois da maratona

Paulo Vieira

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Vejam se eu não serviria para roteirista do Jô Soares:

Depois de concluir sua segunda maratona, quando sentiu câimbras terríveis, ela decidiu pensar na vida. Kauana Araujo, vem pra cá!

A diferença aqui é que o entrevistado fala. E a Kauana, como diria o Dj Hum, vai falar agora.

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Os dias que sucedem uma maratona podem ser mais duros que os que a antecedem. A prova, tão esperada, fica para trás, e resta um buraco, um vazio. Fica faltando um pedaço, diria Djavan.

Quem me leu aqui no JQC sabe que me preparei por meses para a Maratona do Rio, corrida que, desde 2013 – minha estreia nos 42K –, prometi que faria todos os anos. Para 2014, como manda o figurino e diferentemente da estreia, fui com uma meta em mente: terminar em 4 horas cravadas.

Outra citação musical: qual o quê.

Câimbras me assombraram praticamente o percurso inteiro, e administrá-las foi mais difícil do que um dia imaginei.

Kauana (ao centro): descanso correndo 21K/Arquivo Pessoal
Kauana (ao centro): descanso correndo 21K/Arquivo Pessoal

Mas não me permiti quebrar. Tirei forças para correr os 42K até a última jarda. Corri riscos: poderia ter-me lesionado e sofrer nas semanas seguintes.

Então decidi, junto com meu treinador, analisar os erros que eu havia cometido no treinamento. Falhei basicamente no fortalecimento muscular e na alimentação. Os treinos de musculação por vezes foram deixados de lado por conta da minha agenda lotada. Subestimei a importância deles e paguei com câimbras.

A estratégia de treinamento também não funcionou. Em 2013, rodei mais – de 70 a 90K por semana -, e com isso adquiri não só resistência muscular como também psíquica. Em  2014, saíram os longões e entraram tiros para que eu ganhasse velocidade.

Perdi na resistência.

Além disso, semanas antes da maratona eu passei por uma fase de extrema ansiedade (namoro, TCC), que me fizeram não ter muita vontade de comer regradamente – o que, no caso de uma vegetariana, é ainda mais crítico.

Muitas pessoas dizem que meu tempo não justifica tantos ais, mas eu digo que  fazer 4:20 custou-me horas de sono e reflexões sobre o que vai mudar para 2015.

O treinamento para a Maratona do Rio do ano que vem só começa em novembro, mas aí espero estar mais focada – já não haverá um TCC no meu caminho.

Nestas semanas ajustei a musculação e passei a fazer treinos mais longos. Pretendo correr os 25K da Maratona de São Paulo, dia 19 – quem sabe o Paulo se anima? – e os 15K da São Silvestre, no dia 31. Enquanto 2015 não chega, vamos aos desafios de 2014.

Como diria o Felipão antes da hecatombe: um degrau de cada vez.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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