58 dias depois, o retorno

Paulo Vieira

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Foram 58 dias na seca. Sem corrida. Sem Usp, sem Pico, sem Gonça – copyright pro Gesu Bambino -, sem equipe JQC/Pacefit, sem Boa Viagem, Mucuripe nem Aeroclube. E sem balouçar demais o salsichão em Tambaba.  Sem meia do Rio.

Cumpri o combinado com meu jovem e competentíssimo ortopedista, o Daniel Gomes, verdadeiro cubano dos membros inferiores: além de saber tudo o que é preciso saber, atende convênio e tem consultório em bairro classe B/C.

O combinado era não correr até a oitava semana após a fratura do quinto metatarso. Paguei. Ainda levei pra ele de lambuja uma ressonância para vermos a razão de um incômodo que atormentava meu pé esquerdo antes mesmo daquele 19 de julho.

Ele não se impressionou com o edema e sugeriu alongamento de dedão antes e gelo depois.

E então chegou o dia. Protetor de tornozelo sob a meia de compressão para não virar o pé esquerdo, tênis minimalista, uma carguinha no Garmin que não permitiu que eu soubesse meu pace já no primeiro K.

Eram 7h30 da manhã na Z.O., e a chuva prometida sobre São Paulo ficou de novo pras calendas. Fazia 25 graus com sensação térmica de 30, umidade estilo Brasília.

Depois de rodar uns 4 ou 5K, vi que a ideia de dar duas voltas no Villa-Lobos era ousada demais.  Solidarizei-me com o Touro, que deixou os bofes no parque quando correu comigo naquele mesmo lugar durante a Copa. Fechar uma única volta – 3,5K – foi duro.

Ia parar, mas como andando demoraria 40 minutos para voltar pra casa, decidi correr mais 2 ou 3K. E assim fechei uns 10, 11K e consegui chegar a tempo de levar Vitória à escola.

Falta um clímax aqui, e ele vai continuar faltando, não por eu ter perdido meus recursos ficcionais, mas simplesmente porque há coisas mais redentoras na vida do que voltar a correr.

Mas que foi bom, foi.

Se eu fumasse, acenderia um cigarro logo após a corrida. Melhor, qual um Zé Celso de araque voltando ao palco depois de anos de ostracismo, pediria em cena aberta para o público acendê-lo.

 

Back to business/Créd: Paulo Vieira
Back in business/Créd: Paulo Vieira

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

4 Comentários

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    Nelson Lourenço

    Caro Paulo,
    Tomei conhecimento do seu artigo em pesquisas que tenho feito relativamente às fraturas do 5º metatarso. Sofri recentemente, e a correr, uma lesão semelhante à sua e estou inativo (com pé engessado à 15 dias). Sexta-feira conto poder utilizar a famosa bota imobilizadora.
    Gostaria de lhe perguntar como correu a sua recuperação, e o que contribuiu para que em 58 dias voltasse a correr?
    Por fim, gostaria de lhe dar os parabéns pela garra em voltar à “competição”.
    Espero poder receber a sua resposta.

    Nelson Lourenço (Portugal)

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    • Paulo Vieira
      Paulo Vieira

      Olá, Nelson. Muito obrigado pelos cumprimentos e muito boa sorte na recuperação. Meu tratamento foi o mais ortodoxo possível: imobilização e fisioterapia, esta nem tão levada à sério. Médicos costumam ser conservadores, e meu ortopedista não fugiu à regra, mas eu não o respeitei no tocante a voltar a correr em esteira e depois em terrenos sem irregularidades. Se me lembro bem, voltei à grama logo quando tive a “alforria”. Claro está que ao longo dos 58 dias minha recuperação foi monitorada. O que aprendi do episódio é a) melhor fraturar dedinho do que ter rompimento de ligamento; b)melhor não usar tênis minimalista, melhor dizendo, tênis sem “grip” em pirambeira. Grande abraço.

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    ANDERSON BARBOSA VIANA C. DOS SANTOS

    OLA, AMIGO, LI O SEU RELATO , E ESTOU A ESPERA DE UM MILAGRE.
    SOU CORREDOR DE RUA , TENHO 50 ANOS E UM PACE DE 5. JA FIZ VARIAS MEIAS, E ESTAVA ME PREPARANDO PARA MARATONA, POREM FUI ATROPELADO E O CARRO PASSOU EM CIMA DO MEU PE.
    O LADO POSITIVO E QUE SO QUEBROU O SEGUNDO METATARSO, E NADA MAIS, JA SE PASSARAM 17 DIAS DO OCORRIDO, ESTOU USANTO A BOTA , JA CONSIGO ANDAR O PE JA DESINCHOU, POREM AINDA DOI. O MEU DILEMA E DAQUI A CINCO DIAS TENHO UM TSTE IMPORTANTISSIMO ONDE TENHO QUE FAZER 2 KM EM 12 MINUTOS, EM CONDIÇOES NORMAIS, MUITO FACIL, POREM ASSIM NAO SEI SE VAI DAR, ESTOU PENSANDO EM TENTAR, POREM COM MUITO MEDO DE PIORAR A LESAO, MAIS O TESTE E CLASSIFICATORIO PARA UM COMCURSO PUBLICO, O QUE ACHA??

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    • Paulo Vieira
      Paulo Vieira

      Talvez você já tenha feito o teste, Anderson, mas eu não faria. Isso vai retardar bastante a recuperação, me parece. Testes desse tipo sempre os há. Espero que sua recuperação seja boa. Abração.

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