Meu pé esquerdo

Paulo Vieira

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Há uma semana, falei do meu idílio rural em Gonçalves, a cidade mineira a 200K de São Paulo onde fiz duas das corridas mais espetaculares do ano. Uma de 3h40, com arregadas nas subidas, já na primeira manhã que passei hospedado no Refúgio Kalapalo, do brother Gui Cavallari; a segunda no sábado, dia de vir embora.

No dia de “repouso”, eu e o fotógrafo Léo F enfrentamos uma trilha difícil de três ou quatro horas de ida e volta até a Pedra Bonita, a 2 000 metros de altitude, trilha que parte exatamente atrás do Refúgio.

Deixei o final daquele texto em aberto: disse que empaquei na Serra da Balança.

A Serra da Balança é este lugar da foto, uma estrada de talvez 7K quase toda em descida para quem parte de Gonçalves, uma descida  impressionante, amada pelo pessoal do 4×4. De 4×2 não dá.

 

Mares de morros para animar um entorse
Mares de morros para animar um entorse

Eu não empaquei exatamente. Eu me lesionei, para ser mais preciso, mas mesmo assim cheguei ao ponto final combinado com o Léo F: o bairro de Serranos, em São Bento do Sapucaí. Deu cerca de 1h50 de corrida, considerando o trecho inicial, da Fazenda Campestre ao restaurante da Vilma, onde começa a Balança.

Ao chegar lá embaixo meu pé estava mais inchado que o pé do Homem Elefante.

Meu pé esquerdo.

Não dei muita trela. Achei que bastava colocar gelo e esperar: tinha certeza que ia desinchar no dia seguinte. Mas no domingo tomei o rumo do PS do Hospital São Camilo, onde um médico gaúcho, com a delicadeza própria de seus pares, não se impressionou com minha fratura da base do quinto metatarso.

“Seis semanas de recuperação”, mandou.

Ele disse também que a fratura deveria ser consequência de uma entorse do tornozelo, que eu de fato sofri, mas o raio-x do tornozelo deu Nada Consta.

Pedra Bonita, em Gonçalves/Foto: Leo Feltran
Pedra Bonita, em Gonçalves/Foto: Leo Feltran

Não disse a ele o que isso significava para um corredor entusiasmado, heavy user, cada vez mais doido para encontrar ruma estrada fechada por porteiras no fim de semana.

Seis semanas.

Alguém já teve de enfrentar período tão extenso de recuperação? Como a gente faz para sobreviver a isso?

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

Um Comentários

  1. Avatar
    Antonio Bellas

    Caro Paulo
    Em 2001 passei 16 semanas sem pisar e mais um ano sem correr!
    Nesta época ja corria há 20 anos, com 11 maratonas nas costas (o acidente foi uma queda em alpinismo)
    Nao mata, lhe asseguro! E vai te tornar um corredor mais dosado e equilibrado( e mais gordo por um tempo)
    Forca, honbre!

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