Não vai ter (corrida na) Copa

Paulo Vieira

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É taça na raça
É taça na raça
O escrete está concentrado há dez dias em Teresópolis e a mobilização para a Copa 2014 – processa eu, Fifa – está digna da Macabíada. Os carros nas ruas de São Paulo não carregam bandeirinhas e o asfalto ainda espera por seus pintores.

Vai vendo.

Mas a Copa, com ou sem apoio popular – vai ter, né? -, começa semana que vem, e quem gosta de correr uma provinha de 5 e 10K vai ter de esperar praticamente até agosto, quando os circuitos de corridas de rua voltam à ativa.

“Há cidades em que eu não posso organizar corridas em até um mês após o fim da Copa”, disse ao JQC há pouco Carlos Galvão, que promove o maior circuito de corridas de rua do Brasil, o Track and Field Run Series, este ano em mais de 30 municípios brasileiros.

Para Galvão, a Copa é uma “tragédia”. “Não precisei cancelar nenhum evento, mas tive de espremê-los. Agora serão até três por fim de semana, com sacrifício de equipe e de atendimento e contratação de mais free-lancers.”

Galvão calcula que em 2014 enfrente declínio geral de 20% das inscrições em seus circuitos. E, na questão crucial, a das receitas publicitárias, o baque é maior, de 50%. “Todos dizem que só têm uma verba para investimento. E ficam à espera da Copa para ver o que vão fazer.”

O cenário não é tão apocalíptico na Iguana Sports, promotora de corridas como a Asics Golden Four (de meia maratona) e dos circuitos Athenas (de 5 a 21K) e Vênus (de 10K). Daniel Krutman, gerente de marketing da Iguana, viu neste primeiro semestre de 2014 um aumento global de inscritos da ordem de 19%.

“A vibe da Copa não interferiu em nada no interesse pela corrida de rua. O crescimento de participantes vai ser de 20% em 2014 e 20% por ano até 2020”, diz. Para a Iguana, que tem um calendário de corridas “enxuto”, como diz Daniel, com cerca de 25 provas, não houve “muito sofrimento”. “Mas essa é a época boa para correr, o inverno, e vamos ter de ficar parados.”

Na questão publicitária, por outro lado, houve perda de receita. Sem indicar um percentual, Daniel citou a desistência de um patrocinador tradicional, a Nike, que havia sete anos apoiava o Circuito Vênus, e em 2014 ficou de fora pela primeira vez.

Se você gosta de colocar uma medalha no pescoço, vai ter de esperar até agosto. Pelo jeito, é hora disso aqui.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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