É difícil correr. Mas é ainda mais difícil não correr

Julia Zanolli

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É aquela velha história: você só lembra do dedinho do pé quando bate ele na quina. Muitas vezes, a gente só se dá conta do quanto a corrida é importante quando não pode correr. Quando digo importante, me refiro a uma coisa que vai além de simplesmente curtir o exercício, é meio uma questão de identidade (muito bem explicada aqui).

Começou este ano, quando fiquei  40 dias parada depois de um problema de saúde besta. Se eu não tivesse ido com roupa de treino para o médico na esperança de conseguir treinar depois, ele nem saberia que eu corro e talvez não tivesse me pedido para parar. Fiquei me sentindo uma X9 de mim mesma.

Nesse tempo de estaleiro, qualquer coisa era motivo para rabugentar. Doía ver uma rua bem asfaltada e plana, uma praia com areia firme, um tênis bonito. Aquela dor de privação, parecida com a que a gente sente quando está solteiro e vê casais se amando muito por aí. Parece que ninguém pode ser feliz perto de você, ninguém pode cruzar o seu caminho suando, nem que seja em um trotinho besta. Acho que corri escondido uma ou duas vezes, me sentia o Zagallo falando “vocês vão ter que me engoliiiiir”.

É para você, vocês sabem quem são
É para você, vocês sabem quem são

Parecia que o dia demorava para começar, as escadas eram mais compridas e usar um tênis de corrida para passear era a maior sensação da semana. É duro cair da cama cedinho para treinar? É. Mas ter que acordar para trabalhar direto é ainda pior. Aí quando você percebe que o despertador apita menos chato em dia de treino, entende o quanto correr te faz bem.

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Julia Zanolli

Julia Zanolli começou a correr em nome do bom jornalismo quando foi trabalhar na revista Runner’s World sem entender nada do assunto. A obrigação virou curtição, mesmo depois de sair da revista. Se livrou do carro para poder andar a pé pela cidade, mas é fã assumida de esteira. Prefere falar de comida do que de nutrição e acha que ter tempo é muito melhor do que matá-lo.

Um Comentários

  1. Avatar
    carolina

    Eu tive duas fraturas por estresse ano passado, uma em cada tíbia e quando o ortopdista me mandou pra ressonância foi bem claro “Você não pode correr até lá” consegui marcar a ressonância para duas semanas depois da consulta, no dia do exame me atrasei e não pude fazê-lo, a clínica era em frente do Ibirapuera sei que saí de lá, sentei na grama do Ibira vendo aquele povo correr e comecei a chorar copiosamente pq não sabia quando poderia estar fazendo aquilo de novo. Liguei para uma amiga não corredora que não entendeu nada pra que tanto drama, mas tenho certeza que quem corre me entenderia. hahahahaha

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