Chico vai ao Chile

Paulo Vieira

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Chico Barbosa/JQC
Correndo pelo que interessa/Foto Arquivo Pessoal

Quando eu comecei a engatinhar na corrida nos anos 2000, dois amigos já estavam voltando com o angu, isto é, já faziam isso mais seriamente. Meu companheiro de PUC Vicente Vilardaga, hoje no casting da Exame, e Chico Barbosa, que publica uma coluna sobre carros no Valor Econômico e produz livros de não-ficção por meio de sua pequena editora.

Lembro do Chico dar uma bronca no Vicente por algum erro de passagem no revezamento de Ilhabela. Vicente, gregário e conversador por natureza, talvez tenha parado para bater papo com algum interlocutor interessante. Mas o Chico, se conhecesse minha história e a do Gesu Bambino nessa mesma prova anos depois, saberia o que é fazer uma presepada profissional.

O Sergio Xavier, o SX, da Playboy e da Runner’s, velho conhecido dos amigos do JQC e chefe daquela equipe Brancaleone, nos poupou da merecida execração pública ao descrever o episódio em seu blog.

Muito bem, o Chico vai para sua quinta maratona.

Santiago do Chile, 6 de abril.

Eis como ele se sente quando está no mítico 42K: “Ridículo.”

“Não sou cavalo. É difícil encaixar algum prazer em algo mais longo que um 10K.”

A pergunta óbvia, por que então diabos corre, é a pergunta que não se faz a um corredor. Nós simplesmente não sabemos responder isso
claramente.

Eu elenquei 51 razões, mas tirando uma lá que fala das ruas Cabul, Teerã e Potsdam, acho que não servem muito bem como evangelho.

A primeira maratona do Chico foi em Amsterdã, em 2001. Queria estrear em Nova York, mas não contava com o evento de setembro.

Aproveitou então uma viagem a trabalho pela Europa para desembarcar na Holanda na véspera da prova. Hoje você talvez não consiga uma vaga mesmo com seis meses de antecedência. Teve câimbras no km 30, mas perseverou e concluiu em 3:53’. Na época era fumante.

Ainda teve Paris, Chicago e Porto Alegre, seu “personal best”: 3:34’.

Chico estava entre Santiago e San Francisco, mas o Chile levou pelo trajeto menos acidentado.

Ao contrário de vários colegas que têm a maratona como alvo, Chico diz que o que gosta de fazer é treinar, ponto. “Treino direitinho, quatro vezes por semana”. Segue treinos e planilhas da assessoria Run & Fun.

E conta que o jornalista Ivan Martins, da Época, o tem mais ou menos na conta de um sujeito extraordinário por não se privar de beber
– três vezes por semana – e correr desse jeito.

“É que o Ivan nunca correu”.

E também porque o Chico não bebeu aquele mescal que eu trouxe do México.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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