Dias em Guantánamo

Paulo Vieira

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Na sua terceira aparição em nossas páginas, o Touro Indomável Fabio Paiva comenta sua evolução sob a batuta do treinador Veron. Para quem não acompanhou, a história começou aqui e evoluiu forte aqui. Go for the green, Horse.

Touro Indomável Fábio Black no Jornalistas que Correm
“Meu corpo está querendo ficar bonito de novo”/Foto: Fernando Pires

Sou Corinthians, tenho um Fusca e um violão, uma nega chamada Débora e em fevereiro não tem Carnaval. Nem em março, acho. Tem suor.

Comecei há um mês essa brincadeira de sair do sedentarismo, mas a coisa começou a virar agora. E esta semana fiz um dos meus treinos mais sofridos, ao menos no quesito pregui.

Que era tanta que nem consegui completar a palavra. Mas em termos de condicionamento não tenho do que reclamar.

Estou mais magro, só não sei dizer quanto. Cada balança me conta uma coisa diferente, algumas pra menos, outras pra muuuito menos, mas mentiras sinceras não me interessam, preciso adotar uma balança pra chamar de minha e controlar meu peso.

Que é nítido que diminuiu. É fato. É visível. E a dor muscular, que vem junto com o inchaço dos músculos, me leva a adotar uma nova postura, agora mais ereta, elevando minha autoestima.

Vai soar meio esquisito, mas meu corpo está querendo ficar bonito de novo, meus rins estão à todo vapor, aumentei meu consumo de água também.

O Veron, meu personal, não perdoa: a brincadeira é manter a frequência cardíaca sempre alta para obter muita queima calórica. Isso e os exercícios de musculação, utilizando meu próprio peso como “ferro”, garantem 45 minutos em Guantánamo. E eu ainda colaboro: estou chegando 15’ minutos antes do treino para me aquecer, o que proporciona maior rendimento geral. Fica a dica.

Meu amigo Bruno Favoretto, editor da Viagem e Turismo, também sedentário, cadeirante e fumante, chegou uma vez a completar a maratona de Nova York com sua handybike – a saga virou uma reportagem histórica da Runner’s World Brasil (um teaser aqui). Ele me disse que durante os treinamentos utilizava a famosa canção do Rocky Balboa, “Eye of the Tiger” (Survivor), como seu alarme diário.

Vou arrumar um alarme desses também, mas pior que despertar cedo, para mim, é a obrigação de me alimentar antes de malhar: nunca na história deste cidadão que vos fala houve algo que se assemelhasse à chamada “melhor refeição do dia”, como dizem nossas mães, era sempre uma xícara de café preto. Sola. O pão com ovo de hoje foi sofrido.

E como eu cortei o carboidrato à noite, fico com fome de madrugada e sonho com os vídeos do Epic Meal Time (canal do youTube) e os apresentadores falando: “Bacon strips”, “bacon strips”, “bacon strips”.

Mas logo passa, pois eu tenho um aliado, o cigarro (faz de conta que você não leu isso). O álcool também me persegue, bebi no fim de semana (sexta pós-expediente no boteco; casamento regado a Rótulo Preto legítimo no sábado). Acordei com ressaca moral no domingo, mas vamo que vamo.

Queria voltar ao futebol logo, mas esta semana tenho três sessões em Guantánamo, portanto vai ser pré-Carnaval minha volta ao pitch. Ansioso por ver a velha chuteira Mizuno branca à Viola nos meus pés.

E não vou fazer feio, pois Guantánamo já me deu uma condição física muito melhor.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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