Viva México!

Paulo Vieira

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México e seus símbolos
Nunca vamos nos cansar desse país

Quando era redator-chefe da Viagem e Turismo, duas coisas relacionadas me irritavam: ver as telas de Facebook abertas nos micros dos repórteres e saber que os textos prometidos para ontem por esses caras chegariam depois de amanhã.

Tudo bem que nos tempos pré-Facebook o texto atrasava do mesmo jeito.

De toda forma, se alguém justificasse o atraso dizendo que estava no Facebook atrás de personagens e boas histórias, seria fácil me enrolar. Como sabemos todos, a rede é um maná, além de ser ótima para cavar pautas e novos colaboradores.

E pra perder o foco, vixe…
.
Mas tomemos o Vinicius Covas. Conheci esse carioca de 22 anos por conta de uma postagem no Facebook do André Bueno, velho camarada da PUC-SP que lê o JQC de seus posto diplomático avançado em Maputo, Moçambique.

Vinicius Covas no México
Um brasileiro seduzido pelo México

André compartilhava um link com comentários do Vinicius sobre o México, país onde intercambiou por um ano.

Na onda das listas que parecem ser a única coisa que as pessoas leem hoje em dia, o Vinicius escreveu 100 impressões muito bacanas sobre o México. A lista, publicada em seu site, virou trend topic na mídia mexicana, e o garoto, uma celebridade brasileira nos matutinos e hebdomanários astecas. (Mandei o copyright para os herdeiros do Bilac, tranquilizem-se.)

São impressões do tipo:

– Se você é mexicano, mas não nasceu na Cidade do México, você é de província. É como se fosse uma categoria abaixo de “gringo”.

– Os professores no México não gostam de serem avaliados. Quando isso ocorre, eles matam as aulas e vão para as ruas avaliar o governo.

– Muy Padre não é muito padre. Muy Padre é algo muito legal. Poca Madre também é algo muito legal. Resumindo: Padre é muito e Madre é pouca. Machismo?!

– O México possui o homem mais rico do mundo e 45,5% da população do país é pobre

E estas duas em sequência, as impressões 79 e 80:

– Dia dos mortos mexicano é uma das tradições culturais mais fortes que eu já vi na vida. Se prepara a comida que o morto mais gostava e se come com ele no seu túmulo. Cantam músicas e se “celebra” sua morte. Os cemitérios ficam bonitos. É emocionante.

– Para falar a verdade, no México ninguém morre.

Como eu estou deslumbrado pelo país, mas minha vivência mexicana resume-se a oito dias intensos – relembre-os aqui -, fiz este rápido pingue-pongue com o Vinicius. É importante dizer que ele é corredor (e também skatista) e bolou, segundo me disse, 30% da lista durante suas corridas.

Como ele não havia lido as dicas da Julia deste post aqui, deve ter uma memória de Maluf. Vinicius hoje é apresentador do Canal Universitário do Rio de Janeiro (passa no sistema NET).

JQC – Resumidamente, o que você imaginava ser o México antes da viagem e o que ele enfim se revelou?

Vinicius – É um tema extenso esse. Imaginava que no México as pessoas andassem pela rua com sombreros, cantarolando músicas de mariachis. Quando cheguei, vi que era outra coisa. Esse foi um dos motivos que me fez escrever o artigo. Foi o mínimo que pude fazer, depois de tantas impressões equivocadas. O México possui um pouco do mundo todo, e o mundo todo está no México. O México é país de oportunidades frescas, que apesar de todos os problemas (em todas as áreas), ainda nos encanta com o enorme patriotismo dos mexicanos e uma cultura singular.

Mariachis em Xochimilco
Eles atacam em qualquer lugar/ Créd: Paulo Vieira

JQC – Viu pontos de aproximação com o Brasil? Quais? Viveria lá?
Vinicius – Acredito que México e Brasil são dois países similares em diversos fatores. Destacaria que tiveram uma grande evolução sócio-econômica nos últimos tempos e penso que bons ventos estão chegando. Da mesma maneira, o povo é amável, acolhedor. Não deixa cair o sorriso, por mais que sorrir seja difícil com tantos problemas em todos os lados.

JQC – Diga-me o melhor e o pior do México. E de 0 a 10, comparando com o Brasil, quanto?

Vinicius – Penso que o México está alguns pontos acima do Brasil em infra-estrutura. O metrô, ainda que não seja de qualidade, é extenso, sendo possível conhecer toda a Cidade do México sobre trilhos. O Brasil tem muito a melhorar nesse assunto. Entretanto, a ilusão da violência assusta os turistas na cidade. Ainda que o DF seja seguro, é tanto assunto girando em torno de insegurança que ficamos assustados. Penso que o pior do México é a própria descrença dos mexicanos no país. México 8,9 x 9 Brasil. Não poderia dar uma nota menor para o meu Brasil (haha).

JQC – Agora o que concerne à maior parte dos leitores deste blog: fale sobre suas corridas. Por que corre?

Vinicius – Sempre fui adepto a corrida. Em 2011 participei de muitos projetos da Nike de valorização do esporte. Já cheguei a correr 40K por semana, mas tive um rompimento muscular por conta de uma hérnia e fiquei um ano sem correr. Voltei este ano. Já participei de muitas provas de 5K. Correr me faz muito bem. Geralmente saio para correr com uma ideia na cabeça e a cada passada a desenvolvo. Escrevi meu artigo assim, haha.

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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