Se beber, não corra, ou melhor, corra

Paulo Vieira

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Para quem bebe, ou bebia todo dia, para quem saía bastante à noite, minha vida mudou razoavelmente desde a chegada das minhas filhas. Difícil não se importar de estar longe de casa, estar na Vila Madalena, digamos, às 10h30 da noite, hora em que esperam que eu leia para elas um conto dos irmãos Grimm ou cante “O Pato”.

A coisa, portanto, tem de ser muito boa, mas muito mesmo, para eu sonegar às minhas filhas e a mim mesmo esse que talvez seja um dos maiores prazeres da vida.

A coisa foi muito boa quarta passada, quando eu as troquei pelo Bruce Springsteen – felizmente, devo dizer. E tinha acontecido nas noites anteriores, pois a agenda estava estranhamente carregada. Na segunda, houve a abertura do Mundial, o quarto bar dos irmãos Altman (Filial-Genial-Genésio), com uísque e chope na vasca (e uma multidão que parecia estar com demanda reprimida de sair à noite), e na terça entreguei um prêmio de hotelaria/turismo na festa anual da revista Negócios da Comunicação.

Não posso dizer que tenha enchido a lata no acumulado, mas que deu preguiça de cumprir a quilometragem semanal, ah isso deu.

Foi pior: deu vontade de parar um pouco com essa história. Em algum momento da terceira taça de tempranillo, no domingão, pensei comigo mesmo como vinho é melhor que endorfina (ao menos pra mim, que não sei direito como ela bate).

(Lembrei-me agora dos tempos de PUC, a gente dizendo que não sentia nada e os circunstantes, com isso: “Tá vendo como tá batendo, maluco”)

Com tudo isso, o scout da semana passada não foi muito glorioso: 0K. Tirando as idas de bicicleta cada vez mais comuns ao Brooklyn, onde fica a empresa de outplacement onde vou aprender como fazer um bom currículo e aprender a usar bem o Linkedin, o esforço foi mínimo.

Felizmente, não sou daqueles que vê e lastima ter deixado um gigantesco passivo quando isso acontece. Corrida continua sendo para mim primeiramente um prazer. Me vejo abrindo porteiras pelas estradas rurais de Cunha (ou partindo de lá para chegar a outra cidade – Paraty não estaria mal) mais do que me vejo completando os 42,195K das maratonas de Nova York e Berlim (que é, aliás, neste domingo).

Não que eu não vá fazer uma maratona internacional, como tanta gente faz. Mas me dá certa preguiça pensar em seguir planilhas e até ter de me poupar de uma rodagem mais extensa às vesperas do Dia M.

Correr e beber
Beber, correr, levantar

Correr com uma meta dá um certo trabalho. Beber é mais fácil. E é por isso que eu vou encontrar meu velho amigo Jotabê Medeiros hoje na Vila Beatriz. Acho que ainda não vai ser amanhã às 7 da matina que vou conhecer o professor de corrida da BioRitmo/5 Ways.

Post dedicado ao Edgar, que, copo de uísque à mão, dizia: “Soda limonada. Você toma e não acontece nada.”

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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