Os solitários que me perdoem, mas equipe é fundamental

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*texto de Tatiana Ferraz

Quando a gente começa a correr no parque e nas ruas, geralmente nos mesmos lugares e horários, é normal encontrar as mesmas caras. Aí você cruza com a pessoa uma vez, dá uma olhadinha. Na segunda vez, já rola aquela cara de “e aí, beleza?”. Depois disso, estamos a um passo de puxar conversa no bebedouro, na hora de estacionar o carro ou mesmo antes de uma possível  trombada – isso geralmente acontece nos parques muito cheios, em horários de “pico”. Acreditem: isso é muito legal. Não dar uma trombada, mas saber que no mundo existem loucos iguais a você. Ou pelo menos pessoas que entendem o prazer que você sente, mesmo com aquela língua de fora, suor escorrendo pelo rosto, bochechas vermelhas e roupa pingando.

Mais legal ainda é quando você passa a fazer parte de uma equipe. É o passo fundamental para que se sinta motivado e um dia ouse correr uma meia maratona… Exatamente como aconteceu comigo.

O nome dele é Gunther. Ou Gugu, para os mais íntimos. 67 anos de idade, 10 de corrida, apesar de eu achar que é bem mais do que isso, mas ok. Ele “inventou” em um parque de São Caetano uma equipe chamada “Sócorro”. Quer fazer parte? É só falar com ele, uma pessoa que sente um prazer imenso em organizar treinos, chamar todos pelo nome (ou apelido), levar água, gel, lenço de papel e Gatorade em sua super pochete, para distribuir a quem queira nas horas de cansaço. Fato é que todos os dias da semana e em todas as corridas da região tem alguém com a camiseta da “Sócorro”. “Bom dia” daqui, “Boa tarde” dali, até que um dia esse ser simpático e agregador de esportistas diz “E aí? Vamos fazer parte da Sócorro?”. Quando a gente entra para a equipe, fica meio tímido, não conhece todo mundo, os grupos de corredores são todos diferentes… Mas em pouco tempo você começa a entender do que se trata…

Tem de tudo: médico, advogado, operário da General Motors, dentista, psicóloga, vendedora, cabelereira e manicure. Cada um com a sua vida, cada um do seu modo, mas todos correndo. E na mesma equipe. Aí chegam as corridas… O grupo se movimenta, troca e-mails, avisa sobre as datas de inscrição. Depois combina quem vai e como vai, formam-se os grupos de carona, quem vai com quem, quem volta com quem…

Durante a corrida, cada um vai no seu ritmo e todo mundo se respeita. Mas a gente se encontra, acena, grita, fotografa e, claro, vai tudo pro Facebook. Na página da equipe e na página pessoal de cada um. Se eu não fizesse parte da “Sócorro”, dificilmente estaria correndo 21K. Nunca teria coragem para treinar 2 horas seguidas. Mas aquele “vamos lá”, “tamu juntu”, “força aê” acabam despertando uma baita vontade de me superar. Não para ganhar de ninguém, apenas para me sentir bem e vestir uma camisa em comum.

E por falar em camisa em comum, quem vai às corridas de rua já deve ter reparado que o espírito de equipe é predominante. Tem equipe de tudo quanto é jeito: nomes engraçados, assessorias esportivas, cidades distantes e, claro, as equipes das empresas – bancos, fábricas, correios, multinacionais – , essas empresas apoiam e mantém equipes para que corram e apareçam! Na minha opinião, esta é uma das melhores maneiras de se “promover a marca”, já que as empresas ganham funcionários mais felizes, saudáveis, menos doentes, no peso ideal e ainda, de quebra, têm seu nome estampado nas camisetas e tendas das maiores corridas do Brasil. E seus colaboradores, literalmente, vestem a camisa da “firma”!

Mas como é que nós conseguimos correr e falar ao mesmo tempo com o companheiro de equipe? Ahhh…. Nós conseguimos. E quando fazemos isso sem ficar ofegantes demais, é porque estamos em uma excelente forma. Física e psicológica.

Tatiana Ferraz e a equipe Sócorro

*Tatiana Ferraz é jornalista, casada com jornalista, mestre em comunicação e professora de telejornalismo e radiojornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Trabalha atualmente como editora na TV Cultura. Com  41 anos e mãe de dois filhos, treina cerca de 10K de 4 a 5 vezes por semana. Não perguntem como arruma tempo para isso.

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10 Comentários

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    ROBERTO J VIANA

    Otimo artigo…, a propósito estou nesta foto , sou a quarta pessoa em pé da esquerda para a direita !

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    Carenaled Run

    Esse mundo da corrida é maravilhoso…. quem entra não saiu mais…. parabéns pela materia

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    María Loreto Parada MILLER

    legal Tati, é isso mesmo! vc escreveu o q todos nos q gostamos de correr, sentimos no diário de nossas vidas!, não vale etnia, religião, sexo ou género e sim correr ao lado dos amigos de nosso propio time e dos outros tb! é a superação da vida mesmo sabendo q “não sabemos onde acharemos tempo “, valendo a redundancia, uhuuu vamo nessa!!!

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    Julio Melo

    Oi Tatiana,

    É a primeira vez que entro aqui no site… achei bem legal.

    Sobre a publicação: eu pratico dois esportes: pedalo e corro.
    Pedalar eu faço em grupo. É bem melhor pedalar em grupo do que sozinho… embora assumo que mesmo pedalando em grupo às vezes a gente “se desliga” do grupo e do mundo rsrsrs

    Correr eu corro sozinho. Eu moro no RJ e corri a São Silvestre nos últimos dois anos, e já estou treinando para a terceira vez. Ainda não me inseri em nenhum grupo para correr corridas aqui no RJ, mas correr em grupo deve ser igual à pedalar em grupo.
    Na pista onde treino/corro eu já conheço algumas pessoas de vista… mas ficamos só nos olhares mesmo… a música no fone de ouvido me distrai mais.

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    Ana Paula

    Estava buscando no google um grupo de corrida aqui em SCS e encontrei o artigo da Tatiana. Que incrivel!!! Deu vontade de sair “correndo” na mesma hora.

    Gostaria de saber se vcs poderiam me passar algum contato para que eu possa tentar uma vaguinha no grupo?

    Obrigada!

    Bjão

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    Tatiana

    Oi, Ana… O pessoal da “Sócorro” é meio “esparramado”… uns correm de manhã, outros à noite… mas todos são identificados pela camiseta. É só conversar com algum de nós. E o nosso “chefe -mór” é o Ghunter, que todo mundo conhece…rs… Você pode dar uma olhada no Grupo Sócorro, que está no facebook. Entre pro grupo e venha correr com a gente!!!!!

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    Katia T. Fonseca

    Cada cabeça, uma sentença. Tenho muitos e muitos amigos corredores, mas meu grande barato é correr sozinha! E cada cabeça, uma sentença. Postei, também, sobre o assunto. As verdades só existem na cabeça e na visão que sente e observa. http://www.webcorrida.blogspot.com.br/2014/01/cada-cabeca-uma-sentenca.html?m=1

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    Vania

    GostariA de um contato de alguém do grupo pra participar.

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    • Paulo Vieira
      Paulo Vieira

      Olá, Vania, de qual grupo exatamente você gostaria de participar?

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