Quer correr? Então comece do começo: gostando de correr

Paulo Vieira

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Corrida de Abertura do Circuito Corpore 2012 na USP
Have fun, people! Foto: Daniel Guimarães

Este blog ainda não celebrou um mês, conta mais de 200 fãs na nossa página do Facebook – muito obrigado, pessoal –, se dispõe a exaltar as benesses da corrida, mas…

Correr faz bem?

Não, muitas vezes não faz.

Vamos radicalizar. Corrida mata. Não são poucos os casos de gente que foi desta para melhor após um esforço intenso. Aconteceu com o pai de uma colega jornalista após uma maratona de Nova York. Aconteceu com Serginho, jogador profissional de futebol, zagueiro do São Caetano, num jogo contra o São Paulo, no Morumbi. Aconteceu com James Fixx, o homem que popularizou as corridas

Corrida dá dores. Dá. E nem vou dizer que seja necessário participar de uma ultramaratona na Escandinávia ou no Japão. Basta exagerar na dose, mexer no ritmo, enfiar um pé num buraco. Caminhar é muito mais seguro.

Corrida emagrece. Sim, assim como a caminhada, o sexo e até o trabalho, desde que você coma menos, ou coma melhor. Não espere ver seu peso cair como num passe de mágica só porque você ticou todas as provas de estacionamentos de shoppings de São Paulo. Mas é bem verdade que correr equilibra excessos calóricos. Se a corrida por si só pode não fazer emagrecer, ela, assim como outros exercícios físicos aeróbicos, ajuda muito a não engordar.

Corrida dá prazer. Dá, especialmente quando a gente a conclui. Durante é sofrimento. E isso quem diz é um corredor muito melhor que eu, o médico Drauzio Varella, nesta ótima entrevista para a companheira Julia Zanolli, na época na Runners’ World Brasil http://runnersworld.abril.com.br/entrevistas/drauzio-varella/ e hoje dividindo os posts do JQC comigo.

Corrida eleva a autoestima. Fato, desde que você efetivamente GOSTE de correr.

E assim chegamos a meu ponto.

Correr pode ser bem chato. Ter a mente vazia ou fixa em certos assuntos por 40 minutos, 1 hora, 1h50, 2h30, não é mole. Por isso, a recomendação número 1 que eu, que comecei a correr espontaneamente, sozinho, sem nenhuma ligação com academia de ginástica etc, é: GOSTE de correr. Considero isso anterior e mais importante até mesmo que a palavra do cardiologista (minha primeira e última consulta faz 10 anos: “faça o que eu digo, mas…”). Mas você não me ouviu dizer isso. Sim, vá ver um cardiologista.

Claro que muita gente descobre o prazer da corrida porque ela é uma maneira de:

– juntar-se aos amigos

– fazer às vezes a única atividade física da semana

– realizar um desafio

 

O Relógio da USP. Meu vício desde o início foto de: www.flickr.com/photos/thsant
O Relógio da USP. Meu vício desde o início

Poucos talvez tenham tido a minha motivação inicial para correr, que tem a ver com ser um sujeito apenas esforçado nos esportes coletivos, gostar da vida ao ar livre e ter uma boa desculpa para ir ao Rio de Janeiro.

Mas eu passei a gostar de correr, gostei efetivamente, gostei mesmo, e fico meio maluco quando não passo pela frente do Relógio da USP num fim de tarde de sábado ou de domingo e, a partir de agora, quando não fecho a noite de segunda no Ponto Chic, depois de uns 15K no Minhocão.

Quer correr? Então goste de correr primeiro. É o meu conselho.

 

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Paulo Vieira

Influenciado pelo velho “Guia completo da corrida”, do finado James Fixx, Paulo Vieira fez da calça jeans bermuda e começou a correr pela avenida Sumaré, em São Paulo, na adolescência, nos anos 1980. Mais tarde, após longo interregno, voltou com os quatro pés nos anos 2000, e agora coleciona maratonas – 9 (4 em SP, 2 Uphill Rio do Rastro, Rio, UDI e uma na Nova Zelândia), com viés de alta – e distâncias menos auspiciosas. Prefere o cascalho de cada dia às provas de domingo e faz da corrida plataforma para voos metafísicos, muitos dos quais você encontra nestas páginas. Evoé.

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